segunda-feira, 7 de março de 2011

Mangueira emociona ao recontar trajetória de Nelson Cavaquinho

Enredo 'O filho fiel, sempre Mangueira' homenageou centenário de sambista.
Bateria Surdo Um animou plateia com 'paradinhas' e samba à capela.

Do G1, em São Paulo - Postado por Abraao Na Rede

Comissão de frente da verde e rosa, que trouxe o morro para a avenida (Foto: Luciola Villela / G1)
Comissão de frente da verde e rosa, que trouxe o morro para a avenida (Foto: Luciola Villela / G1)

Em um desfile emocionado, a Estação Primeira de Mangueira encerrou a primeira noite de desfiles na Marquês de Sapucaí com um mergulho em seu próprio passado ao recontar a trajetória de Nelson Cavaquinho, o sambista que faria 100 anos em 2011. O desfile começou às 4h55 e encerrou às 6h15, com 1h21 de desfile.

A comoção começou antes mesmo do início da apresentação, quando o ator Milton Gonçalves leu um poema em homenagem ao sambista, fazendo vários integrantes da escola chorarem. Antes, os intérpretes Luizito, Zé Paulo Sierra e Ciganerey cantaram alguns sucessos de Nelson, como "Juízo Final", o que fez a escola atrasar um pouco sua entrada. O público do setor 1 chegou a vaiar pela demora. Nos últimos minutos, a escola teve que apressar o passo para não estourar o tempo.

Assinado pelos carnavalescos Mauro Quintaes e Wagner Gonçalves, o enredo "O filho fiel, sempre Mangueira" exaltou o caso de amor entre o poeta e a comunidade. Nelson Antônio da Silva nasceu na Tijuca, na Zona Norte, em 1911. Desde cedo tocava cavaquinho, mas preferiu ingressar na cavalaria da Polícia Militar. Foi como policial que ele chegou à Mangueira e logo fez amigos. Além de Cartola, Carlos Cachaça e Zé da Zilda tiveram influência na sua vida. O poeta se mudou para a comunidade em 1952 e trocou a farda pela música, os poemas e a boemia.

Três fases da vida de Nelson foram contados já na comissão de frente, que representava o poeta quando chegou à Mangueira, quando se tornou Nelson Cavaquinho e já consagrado como compositor de sambas.

Um carro trouxe o morro da Mangueira para a Sapucaí. Ele era "invadido" pelos componentes da comissão de frente, em movimentos da modalidade esportiva le parkour.

Bateria

Um dos compositores do samba-enredo, Ailton Andre Nunes, também fez sua estreia à frente da bateria Surdo Um, que ousou com "paradinhas" que chegavam a durar meio minuto. A arquibancada da Marquês de Sapucaí respondeu cantando o samba à capela.

Obras como “Folhas secas”, "Primeiro de abril" e “Degraus da vida” foram lembradas no desfile. Entre as 34 alas, a que brincava com a música "Primeiro de abril", cujos versos comentam a dor de ser traído por uma mulher, trouxe os componentes caracterizados de Pinóquio. Os principais parceiros de Nelson, como Cartola, Carlos Cachaça e Zé da Zilda vieram no carro onde também estavam mangueirenses ilustres como a cantora Beth Carvalho, no desfile que marcou seu retorno à escola.

Renata Santos, rainha da bateria (Foto: Lucíola Villela/G1)
Renata Santos, rainha da bateria (Foto: Lucíola Villela/G1)

Já uma das oito alegorias da Mangueira representava um sonho indesejado de Nelson, com um enorme relógio marcando 2h50. Nelson sonhou com a revelação da hora de sua morte, que seria às 3h da madrugada. Do dia do sonho em diante, o sambista passou a atrasar diariamente o relógio, na esperança de retardar a partida anunciada. Sua morte, no entanto, só aconteceu em 1986, em horário diferente do "revelado" no pesadelo.

As baianas vieram vestidas de "Folhas Secas". A modelo Renata Santos desfilou como rainha de bateria e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira era formado por Raphael e Marcella Alves. A escola 18 vezes campeã do carnaval carioca levou para a passarela do samba seus 4 mil componentes.

Nenhum comentário: