segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estudiantes vence Arsenal de Sarandí e conquista o Apertura

Por Renato Senna - Postado por Abraao Na Rede


O leão é considerado o “rei da selva” não só pela potência do seu ataque, mas também pela inteligência com a qual ele ataca sua presa. Suas caças são muito velozes e ágeis. Por isso, o felino tem que planejar bastante seu golpe, ficar na espreita, à espera do momento ideal. Ele espera a presa ter seu segundo de atenção e, numa arrancada veloz, lança sua sorte.

Coincidência ou não, um dos apelidos do Estudiantes de La Plata é ‘León’. E essa equipe montada por Alejandro Sabella é, na relva, a representação mais fiel dos leões na selva. O time comandado por Verón se sagrou campeão do Apertura-10 num esquema bastante peculiar. Em muitos jogos, os ‘Pincharratas’ jogaram no 5-4-1, um sistema tático que volta e meia alternava para o 3-6-1. Mesmo com todas essas variações, o estilo não mudava. O time mantinha a posse de bola, se fazia valer da qualidade do passe de seus meias, só esperando por um momento de desantenção das defesas adversárias, no mais velho ‘estilo Parreira’. Parece que deu certo: nesse Apertura, foram 45 pontos, 14 vitórias e apenas oito gols sofridos em 19 jogos.

Mas, seguindo Nélson Rodrigues, vamos deixar essa idiotice da objetividade de lado. Joga feio o Estudiantes? Depende do conceito de futebol de cada um. Não é o futebol que todos mais gostam de ver, mas o que são os contra-ataques dos pinchas? Nesse apertura, nos cansamos de ver um time aguerrido, todos fazendo sua função com perfeição, porque sabiam da importância de cada um para o esquema. Era como se fossem abelhas operarias, que fazem, cada uma seu trabalho, mas que, separadas, não têm condições de sobreviver.


Braña foi um monstro na proteção à defesa. Para mim, o melhor jogador do Estudiantes nesse Apertura. Talvez, se não fosse ele, a defesa não teria tido um dos melhores desempenhos da história. O camisa 22 ajudou Ré, Federico Fernández e Desábato a entrarem para a história. Nas laterais (ou alas, como queiram), duas gratas surpresas. Mercado foi adaptado à lateral direita e se saiu muito bem. Na esquerda, Rojo foi importantíssimo com suas subidas ao ataque, como um raio. O jovem lateral fez da ala esquerda a principal via de acesso do León. Contra-ataques mortais iniciados com lançamentos de Verón para Rojo foram a marca registrada dos alvirrubros.

O meio de campo funciona como música. Além de Braña, outros três monstros compõem o setor, com iguais dedicação e maestria. Leandro ‘Chino’ Benítez é a válvula de escape da equipe. Pode jogar tanto de volante quanto de meia de ligação. Enzo Pérez é quase um segundo atacante. E, como não poderia deixar de ser, Verón é o dono do time. Mesmo sem ter feito um campeonato brilhante, o camisa 11 foi essencial, com sua visão de jogo, seus passes sempre precisos e seus lançamentos fatais. No ataque, palmas para ‘La Gata’ Fernández. O jogador se sacrificou pelo time. Enganche de origem, foi o melhor exemplo de dedicação. Lutou como pôde lá na frente. Evoluiu. Deixou de ser La Gata e passou a ser um verdadeiro León. Importante nos momentos cruciais, fez gols decisivos. Importantíssimo para a conquista desse Apertura, mesmo sendo sacrificado pelo esquema de Sabella.


O Apertura premia o time mais regular. O Estudiantes é, também, o time mais brilhante na sua proposta de jogo. Sabe, como ninguém, manter a posse de bola e atacar seu adversário na hora certa. Um estilo de futebol que pode não agradar a muitos, mas vem se mostrando bastante eficiente: Alemanha e Espanha na Copa do Mundo, Internazionale na Europa e, agora, o Estudiantes na Argentina. São os verdadeiros Leões, os verdadeiros reis do campo de futebol, os verdadeiros ‘Reis da Relva’. Os outros que se cuidem na Libertadores.

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