Por GloboEsporte.com - Postado por Abraao Na Rede
Presidente do Fla admite não saber se tentará novo mandato, acha pedido de impeachment factoide e comenta protestos e ironias sobre ida a Londres
No jogo de xadrez que é a política do Flamengo, Patricia Amorim
estuda qual será a próxima jogada. Há dois anos e meio na presidência do
clube, ela não sabe se tentará a reeleição no pleito que será realizado
em dezembro. Segundo ela, a decisão será por questão pessoal, e não por
pressão da oposição. Para definir a estratégia, a dirigente fará uma
avaliação diária até 30 de setembro – data de encerramento de inscrição
das chapas.
- O tabuleiro está ali para ser jogado. Dificilmente eu não estarei
no processo eleitoral, seja de que forma for. Tenho uma vida dedicada ao
Flamengo, e será assim para sempre, mas pode ser de diversas formas –
afirmou Patricia Amorim, que além de questões pessoais também tem outras
ambições políticas além dos muros da Gávea.
Enquanto o futuro está em aberto, a presidente do Flamengo é alvo de
pesadas críticas por ter deixado o clube em momento complicado para
acompanhar as Olimpíadas de Londres. Patricia se defende, e diz que a
viagem de 10 dias trará benefícios para o clube.
- Foi uma experiência muito interessante. Tinha vivência como
ex-atleta olímpica, mas acho importante um dirigente acompanhar. Não
adianta o atleta se esforçar, treinar, se dedicar e, muitas vezes, o
clube onde ele treina não ter esse conhecimento – justificou a
dirigente.
Em Londres, ela tirou fotos com torcedores, mas também
ouviu cobranças que garante terem sido de forma branda. Já de volta ao
Brasil, tomou conhecimento do rótulo de pé-fria que tinha recebido por
conta do baixo rendimento brasileiro no quadro de medalhas enquanto ela esteve in loco na competição.
- Cheguei e o Flamengo ganhou dois jogos. Então… Talvez estivesse
fazendo falta aqui. Vejo com naturalidade – garantiu a dirigente.
Já de volta ao Rio de Janeiro, Patricia assistia ao jogo de vôlei de
praia de Emanuel e Alison pela televisão. Eis que na hora da premiação
surge na arquibancada o cartaz: “Fora Patricia Amorim”.
- Quem tem exposição pública está sujeito a isso – disse a presidente.
Patricia Amorim admite que o momento conturbado do futebol
no primeiro semestre serviu para deixar o clube em ebulição, diz que o
pedido de impeachment é um factoide criado por Márcio Braga e ataca a
oposição:
- Vou trabalhar para que essas pessoas que deixaram o Flamengo destruído patrimonialmente, sem credibilidade, descansem em paz.
Viagem a Londres para acompanhar as Olimpíadas
“Foi uma experiência muito interessante. Tinha vivência
como ex-atleta olímpica, mas acho que era importante um dirigente do
clube acompanhar. Não adianta o atleta se esforçar, treinar, se dedicar
e, muitas vezes, o clube onde ele treina não ter esse conhecimento. Nós
tínhamos 20 atletas, seis treinadores (Renato Araújo, Rosicleia, Roberta
Perelier, Ricardo Pereira, José Neto e Marco Veiga). Como treinadora, a
Rosicleia teve medalha de ouro inédita para o judô. É um investimento
que o clube faz, pois é quem paga o salário desses profissionais.
Conseguimos ter evolução de alguns atletas, como Sasaki (Sérgio, que
ficou em 10º na final
da ginástica artística), Léo de Deus (natação). Eles estarão em 2016. O
Tales Cerdeira ficou em nono (natação). O Cielo conquistou a medalha de
bronze, trouxe para o Flamengo. Ele poderia não ter conseguido medalha,
como poderia ter uma medalha de outra cor, pois a prova é muito curta.
Foi muito bom ter vivido isso”.
O que a viagem traz de positivo para o Flamengo
“Andei de metrô, percebi o que Londres ofereceu em
estrutura para o público, moradores. Visitei as três instalações do
Comitê Olímpico Americano, que estabeleceu uma parceria com o Flamengo.
Foi muito interessante o centro de treinamento que eles construíram em
Londres. Também visitei o Crystal Palace, que era onde os brasileiros
treinavam. Fui tentar entender de que forma isso pode contribuir para o
Flamengo e para os brasileiros. O Brasil optou por ficar afastado do
centro de Londres, todos no mesmo local, antes de ir para a Vila
Olímpica. Os EUA optaram por ficar perto das competições e se dividiram
em três locais. Interessante perceber essa diferença. O Flamengo já
recebeu recursos (90 mil dólares do comitê americano) e reformou o piso
do ginásio Togo Renan Soares, que será inaugurado no mês que vem. O
Flamengo saiu de um ciclo onde tinha três atletas participando nas
Olimpíadas de 2008 e deu um salto para 20 atletas quatro anos depois.
Acho que, em relação aos demais clubes, estamos na frente na preparação
para 2016. Estive com Andres (Sanchez) quando a seleção olímpica de
futebol treinou na Gávea e ele disse que não ganharíamos mais na natação
do Corinthians, pois eles tinham o Thiago Pereira. Achei fantástico,
pois, na verdade, clubes de camisa
conseguiram ter medalhas. Para o Flamengo, 2016 já chegou em formas de
equipamento. Estamos preparados para receber as Olimpíadas e a Copa. Fui
procurada pela seleção inglesa, eles querem usar instalações do
Flamengo em 2014, assim como os holandeses querem treinar na Gávea.
Flamengo está na frente nesse projeto”.
Faixas de ‘Fora Patricia’, críticas por ter ido a Londres e rótulo de pé-fria
“Cheguei no Rio e o Flamengo ganhou dois jogos. Então… Talvez
estivesse fazendo falta aqui. Vejo isso tudo com naturalidade. Quem tem
exposição pública está sujeito a isso. Não posso reclamar, preciso dar
resposta com trabalho e mostrando resultado, isso que busco fazer. A
leitura que as pessoas fazem serve como motivação. Faço sempre uma
autocrítica, sou humilde nesse aspecto. Independentemente de ser um
clube de futebol, temos um caminho a ser trilhado até 2016. Não é
politicagem. O Rio vai receber os Jogos Olímpicos, e o Flamengo se
prepara tecnicamente, estruturalmente, e está à frente dos demais.
Agora, a versão de que fulano não ganhou medalha, ou achou que poderia
ser melhor… Também achava que poderia ser melhor. Gostaríamos de ter a
medalha de ouro no futebol, onde não tínhamos atletas do Flamengo. Vamos
preparar os jovens jogadores. Nossa intenção é que na próxima delegação
tenhamos jogadores como Adryan, Luiz Antonio, Negueba, Mattheus… Por
que não?”
Pedido de impeachment feito pela oposição
“É um factoide, estratégia de uma oposição desesperada que sabe que
internamente o trabalho está consolidado pela evolução patrimonial e
esportiva que o clube teve. Não tenho qualquer tipo de receio, tudo será
esclarecido no seu tempo. Tentam desgastar de fora para dentro, mas
eles têm que me enfrentar nas reuniões do conselho, onde temos vencido e
avançado. Sei da minha importância no papel de transição do velho para o
novo. Reconheço fragilidades em alguns departamentos. Procuramos
resolver junto aos conselhos, aos sócios. Ninguém tem a pretensão de
achar que tem todas as soluções para o Flamengo. Mas tenho a pretensão
de fazer com que o clube avance. Não é projeto de poder pessoal, é um
projeto de Flamengo. Sendo ou não presidente, estou engajada nisso. Vou
trabalhar para que essas pessoas que deixaram o Flamengo destruído
patrimonialmente, sem credibilidade, descansem em paz”.
Busca pela reeleição. Ou não
“O tabuleiro está ali para ser jogado, estou jogando. Estou dentro do
processo eleitoral, o que pode acontecer de diferente é eu avaliar
como. Dificilmente não estarei no processo eleitoral, seja de que forma
for. Tenho uma vida dedicada ao Flamengo, e será assim para sempre, mas
pode ser de diversas formas”.
Questionamento sobre a dívida com Romário
“Estou muita segura em relação ao acordo que foi trabalhado em várias
mãos. Alongamos o prazo de pagamento. Faltava algo em torno de R$ 10
milhões. Caso o Clube dos 13 continuasse com os direitos de transmissão
essa valor seria pago em quatro anos. Alongamos a dívida, que passou a
ser de R$ 15 milhões, mas para ser paga em dez anos. Já pagamos R$ 3
milhões relativo a um ano e meio que Romário deixou de receber do clube
dos 13. Hoje a parcela é quase 40% a menos do que antes. Mas não vão
querer creditar a dívida do Romário a mim, não fui eu quem fiz. Romário
jogou em 95, e quando entrou a primeira vez na justiça foi em 99. Ou vão
dizer que a dívida do Romário e do Pet são minhas? Eu tenho que pagar,
sem reclamar. Aí fazem acusações. Foram eles que deixaram as dívidas,
porque não pagaram?”
Pancadas e período turbulento do futebol
“Se pudesse dizer como é difícil ser presidente do Flamengo, talvez
tivessem mais respeito. Só o fato de ser presidente de um clube dessa
grandeza é uma conquista muito grande. Estou todos os dias no clube,
convivo com funcionário, sócio. As pesquisas apontam uma aprovação. O
torcedor é influenciado por pessoas que ficam com as versões, eu fico
com fatos. Flamengo está com salários em dia, é um clube mais
organizado, melhor estruturado. O futebol é o carro-chefe. Quando as
coisas no futebol acontecem, trazem mais calma. Como o primeiro semestre
foi muito turbulento e o futebol não aconteceu, as coisas ficaram mais
agitadas. O que procuramos fazer? Não funcionou, tem que trocar. E nós
trocamos”.
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