Um dia após o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, uma equipe de peritos criminais chegou por volta das 8h30 desta sexta-feira (8) à unidade para tentar reconstituir o crime.
"Vamos tentar refazer os passos dele lá dentro", explicou o perito Felipe Tsuruta. Apenas agentes participam da ação.
Ele e o colega Denilson Siqueira contam o que encontraram no local no dia do atentado.
“A perícia busca desvendar o autor do crime e a dinâmica de como procedeu todo o episódio. Nós sabemos o calibre de arma, o posicionamento das vítimas”, contou o perito Denilson, que confirmou que as crianças atingidas foram colocadas lado a lado antes de serem alvejadas pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira.
De acordo com os agentes, as salas de aula estavam todas muito bagunçadas e, já nos corredores, era possível ver marcas de sangue. “Encontramos poças de sangue concentradas em alguns cantos das salas de aula”, explicou Tsuruta.
Ele confirmou que a polícia encontrou, além das armas, uma bolsa do assassino. Mas que nela, diferente do que diz a carta deixada pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira, não tinha o lençol branco, em que ele pedia para ser retirado do local. “O que tem nela ainda vai ser avaliado e não podemos divulgar”, resumiu Tsuruda.
Homenagem às vítimas
A noite após o ataque, em Realengo, foi de tristeza e homenagens em frente à unidade onde crianças foram vítimas do atirador. Na manhã desta sexta, do lado de fora, no muro da unidade havia flores, velas e cruzes, além de papéis com os nomes dos mortos no massacre.
A previsão é que assistentes sociais e psicólogos façam plantam próximo a escola para dar auxílio a alunos, funcionários e suas famílias. O colégio passou a noite lacrado, com a presença de policiais militares. As aulas estão suspensas.
'Não caiu a ficha', diz mãe de aluno
Um dia depois da tragédia, a mãe do menino Mateus, de 12 anos, Fátima Moraes Coelho afirmou que o filho não quer voltar à escola.
“Ele dormiu um pouco à tarde, depois ficou lembrando dos colegas, falou que não caiu a ficha ainda", contou Fátima, que pretende levá-lo a um psicólogo.
Polícia quer traçar perfil psicológico do atirador
O delegado titular da Divisão de Homicidios do Rio, Felipe Ettore, disse nesta madrugada, em entrevista ao Jornal da Globo, que o principal objetivo das investigações é traçar um perfil psicológico de Wellington Menezes de Oliveira, responsável pelo ataque.
"Pelas entrevistas que fizemos hoje com parentes localizados e pessoas do convívio, [Wellington] atua como uma pessoa que tinha patologia mental, o que motivou esse crime", afirma Ettore.
"A mãe biológica dele seria portadora de esquizofrenia, segundo relatos dos familiares identificados. A importância é traçar se essa doença mental dele é hereditária", completou, que afirmou que a perícia na escola continuará a ser realizada nesta sexta.
Como foi
A tragédia foi por volta das 8h30 de quinta-feira (7). Wellington entrou na escola e atirou em salas de aula lotadas. Segundo lista divulgada no início da noite, 12 crianças morreram. O atirador se matou, de acordo com a polícia (saiba como foi a tragédia).
A perícia realizada nesta tarde achou sua casa totalmente destruída: móveis e eletrodomésticos foram quebrados.
Os investigadores querem saber como um rapaz sem antecedentes criminais sabia manusear as armas. Ele usou dois revólveres: um de calibre 38 e outro de calibre 32 e estava com muita munição num cinturão. Ele usava um equipamento chamado de "speedloader", um dispositivo que ajudava a recarregar as armas rapidamente, de uma vez só.
A polícia está tentando descobrir como Wellington conseguiu as armas. O revólver 38 está com a numeração raspada, o que dificulta o rastreamento. Os investigadores localizaram a origem da outra arma, de calibre 32. O dono dela já morreu e, em depoimento, seu filho disse que o revólver tinha sido roubado há quase 18 anos.
Wellington Menezes de Oliveira, homem que atirou
Realengo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Perfil do atirador
Wellington era filho adotivo, caçula de cinco irmãos. O pai morreu há cinco anos e a mãe, há dois anos. Em 2008, ele trabalhou no almoxarifado de uma fábrica de salsichas, de onde pediu demissão em agosto do ano passado. Segundo funcionários, ele era um jovem de poucas palavras.
O rapaz, considerado estranho pelos vizinhos, morou com a família em uma casa, na mesma rua da escola, cenário do massacre. Há 8 meses, Wellington se mudou para outra casa, em Sepetiba, também na Zona Oeste do Rio. O imóvel foi herança do pai.
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