Por Espn Brasil - Postado por Abraao Na Rede
Nome inicial para comandar a Chapa Azul na eleição
rubro-negra, Wallim Vasconcellos teve sua candidatura impugnada pelo
Conselho de Administração
do clube e deu lugar a Eduardo Bandeira de Mello. Seria, então,
diretor-geral do clube, mas recusou o cargo por não desejar ser
remunerado. Convidado a assumir a vice-presidência de futebol, Wallim
parece ter encontrado o seu lugar. Ainda sem ser empossado, o dirigente
trabalha nos bastidores para reforçar a equipe já no Campeonato Carioca.
Não será o time ideal, reconhece. Mas para o Campeonato Brasileiro,
Wallim garante que o time entrará para ganhar e terá uma “super
estrela”.
Entre um pedido e outro dos filhos
para aproveitar o mínimo tempo livre, Wallim Vasconcellos concedeu, por
telefone, esta entrevista exclusiva ao ESPN.com.br. No papo, o futuro
vice-presidente de futebol do clube explicou suas ideias para o
departamento mais importante do Flamengo, o funcionamento do conselho
gestor do futebol, a engenharia necessária para trazer um grande craque e
ressaltou a nova fase de profissionalismo a ser implantada com a
participação ativa dos jogadores.
“Não tem mais lugar
para amadorismo aqui. Se alguém não concordar, a gente entende, mas no
Flamengo não terá mais espaço”, avisa Wallim Vasconcellos.
Confira a entrevista abaixo
Como estão sendo esses primeiros dias de ação como vice de futebol, mas ainda sem assumir oficialmente?
Primeiro
tem de organizar o departamento, a reapresentação é dia 3 de janeiro e a
gente tem de correr para organizar a vice-presidência, fazer
contratações para ter um time já competitivo. Não é tarefa fácil
sem você estar empossado como vice de futebol. As pessoas que estão lá
com a Patricia não têm criado nenhum obstáculo, nenhum empecilho. O
primeiro passo foi contratar o Pelaipe, uma pessoa com muita
experiência. O segundo foi conversar com o Dorival e com o Zinho para a
gente saber como estava a situação do elenco, quem eles gostariam de
contar para o ano que vem, quais as posições carentes podemos tentar
contratar. Estamos o dia inteiro no telefone negociando. Não vai ser o
time dos sonhos no Carioca, mas queremos um time com possibilidade de
ganhar. No Brasileiro…aí sim temos de montar um time para ganhar e ser
muito competitivo.
Quais as dificuldades encontradas?
Estamos
sofrendo bastante com essas penhoras. O dinheiro vai entrar na conta e a
penhora já vem em cima. Nossa equipe de finanças já teve de entrar em
campo. Na sexta, eles conseguiram pagar parte dos salários de novembro e
do 13º. Fiquei muito feliz com essa notícia de salário, dos atletas,
dos funcionários. Ninguém tem culpa. Vamos trabalhar junto aos credores
para chegar a um acordo, equacionar de uma maneira com que o Flamengo
possa pagar e honrar esses compromissos. O que mais ouvimos sobre o
porquê dessas penhoras é que o Flamengo sempre faz o equacionamento da
dívida e não cumpre. Temos certeza que vamos trazer credibilidade,
mudar a imagem que o clube tem hoje. Vai ajudar não só o futebol, mas o
clube como todo. Temos a contratação do Marcelo Corrêa, novo diretor
geral, vai ajudar muito. Vamos ter um Flamengo diferente.
Você,
aliás, seria presidente. Depois de ser impugnado, assumiria o cargo de
diretor-geral e declinou. Agora é vice de futebol. Como foi se preparar
para esta função diante de tantas mudanças?
A gente é um
time. Um dia eu posso estar na ponta esquerda, faltou um lateral e vamos
jogar lá. Temos boa experiência profissional na vida. Eu não me
sentiria confortável para essa função do Pelaipe, por exemplo. Mas como
vice de futebol não vejo nenhum problema. Entendo razoavelmente de
futebol. Ele conhece todo mundo do ramo, conhece informações, quem são
os empresários sérios, quais não são, como organizar o departamento de
futebol. Toda parte que ele me diz e me sugere eu aprovo sem problemas.
Então sendo presidente, diretor-geral, vice de finanças…qualquer um
consegue estar nessa posição sendo compentente. O presidente Eduardo
imediatamente me convidou para essa função. A gente vai cada um ajudando
o outro em qualquer etapa. Eu posso ajudar o Bap (Luiz Eduardo
Baptista, futuro vice de marketing) apresentando um presidente de
empresa, posso ajudar o Rodrigo Tostes montando operação para trazer
dinheiro para o clube. O nosso discurso desde começo é que a candidatura
não era de uma pessoa. Somos um time.
Quais as condições do departamento de futebol encontrado por você e por Paulo Pelaipe?
Pedi
para o Pelaipe fazer uma avaliação da estrutura organizacional e dos
profisisonais. Ele me retornou e disse que está bem estruturado, com
pessoas qualificadas e o que a gente precisa é mostrar para todos que há
uma nova filosofia, que a meritocracia vai prevalecer. Todos vão ser
remunerados por alcance de objetivo. Têm de estar comprometidos. Se o
jogador faltar, não se comprometer, vai ser cobrado pelo próprio grupo.
Eles têm de saber que quanto mais o Flamengo ganhar, mais o patrocinador
ganha também e, consequentemente, eles. A gente quer implementar uma
nova filosofia em relação às atividades de futebol. O clube também tem
de cumprir com as suas obrigações, no dia combinado, para que os atletas
possam estar comprometidos. Disciplina dentro e fora do campo, postura,
em relação a patrocinador, televisão. Eles têm de cumprir as regras.
Em
relação ao regime de profissionalismo prometido, o futebol será um dos
principais afetados. Os jogadores serão cobrados a participar de
campanhas de marketing, conceder entrevistas com frequência, por
exemplo?
Vamos implantar isso. Todos vão saber: as regras
do jogo são essas. Quem tiver interesse, será bem-vindo. Quem não
tiver, é até melhor e transparente que diga que não quer continuar. A
gente entende, mas no Flamengo não vai ter espaço. A gente precisa,
entre aspas, educar todo mundo. Se cumprirem o que está estabelecido com
a fornecedora de material esportivo ou com a empresa que tem o direitos
de transmissão, todos vão ganhar. Se não cumprir, o clube e os atletas
saem prejudicados. Não tem mais lugar para amadorismo aqui. A relação
com os patrocinadores e todos envolvidos com o futebol…temos de cumprir o
que foi acordado. Se todos fizerem isso, a gente vai sair ganhando.
Por quê a opção por Paulo Pelaipe para ser o diretor-executivo de futebol?
Entrevistamos
outros profissionais e prefiro não dizer os nomes por uma questão de
ética. O Pelaipe não foi escolhido porque foi muito melhor. Os outros
eram qualificados. Mas pesou a experiência dele. O perfil dele para esse
momento do Flamengo. A escolha foi basicamente pelo perfil do Pelaipe. O
início dele tem sido muito bom. Ele tem uma longa experiência, é uma
pessoa muito afável, muito direta. A gente não pode falar de uma
linguagem com rodeios, tem de ser objetivo. Ele não é de dar contornos,
vai direto ao ponto.
Há expectativa para que o Zinho continue no Flamengo, ainda que em outro cargo?
Zinho
me ligou na sexta, ele teve um problema de saúde com um membro da
família e também com o celular dele. Ele me ligou, entendi
perfeitamente. Disse que vamos olhar para frente, isso aí já passou.
Conversamos, ele está de acordo com o projeto, mas a questão financeira
ele ainda está estudando. Pedi que até o dia da posse, 27 de dezembro,
gostaria de ter uma resposta. Ele agradeceu e ficou de me retornar. Se
ele aceitar, será muito bem-vindo. É torcedor do clube, fez um bom
trabalho, segurou uma barra pesada e já tem aprovação do Pelaipe. Se não
continuar, vamos em buscar um outro nome para a função.
E quais são as primeiras impressões sobre o Dorival Júnior?
Dorival
é um dos top de linha que temos no mercado brasileiro. Além disso, é um
excelente caráter pelo que eu pude ter de contato com ele. É vitorioso,
é o que a gente precisa no Flamengo. Vai estar conosco ao menos até o
fim do contrato. Esperamos renovar com ele depois de 2013. Ele gostou do
projeto, está empolgado. Temos carências no elenco e falamos que vamos
supri-las. Mas o mercado é complicado, temos de ter paciência. São
jogadores oferecidos por preços exorbitantes e não vamos pagar loucuras.
A gente quer resgatar o orgulho de o jogador vestir a camisa do
Flamengo. Não queremos esse negócio de não querer vir para o Flamengo.
Como o mercado do futebol tem recebido a nova diretoria do Flamengo?
O
mercado está recebendo muito bem, já que temos vários atletas
interessados em jogar pelo clube. Eles já viram que mudanças vão ser
feitas. Estão apostando nisso, principalmente pelas pessoas atrás do
projetos. Temos uma receptividade muito boa dos atletas, dos
procuradores. Você tem uma competição no mercado por alguns atletas,
claro. Mas tentamos chegar em um acordo. Entrou em leilão, a gente está
fora. Ou o atleta tem orgulho em vestir a camisa do Flamengo ou a gente
parte para outra. Temos uma gama de atletas que estamos contactando.
Obviamente não vamos contratar dois times. Mas temos posições carentes,
Dorival indicou alguns atletas. Vamos fazer isso para o Campeonato
Carioca. Depois, para o Brasileiro, vamos ter mais uns três meses para
trabalhar um atleta de ponta.
Você já recebeu da gestão passada negociações em andamento? Há conversas em curso com o Robinho?
O
Renato Augusto foi passado, não sei se tinha chegado a começar. Essa
foi a única negociação. Em relação ao Robinho, não tem nenhuma
negociação com o Milan. Não abrimos negociação. Nem sabia da informação
de que o Galliani está vindo ao Brasil. O que a gente soube pelos
jornais é uma declaração de que o Robinho gostaria de jogar no Flamengo.
Se for um valor que o clube pudesse pagar claro que qualquer time do
mundo se interessaria por ele. Mas posso garantir que até hoje, 22 de
dezembro, não falamos com o Milan e nem com o estafe do jogador.
O Flamengo vai trabalhar para ter um jogador de grande porte, como o próprio Robinho?
Quando
você quer ter um craque desses, envolve muito dinheiro. Precisa-se de
parcerias. Se você já contrata sem isso, já saiu enfraquecido porque é
um problema, entre aspas, só seu. Não podemos entrar no mesmo erro do
Ronaldinho. Temos de montar um plano, acertar com o jogador, com o
clube, ir a três empresas, dizer que temos um jogador top de linha e que
precisamos das diferenças, de algumas condições. Já mapeamos algumas
empresas que se manifestaram para participar dessa ação. Precisamos
primeiro entender quais são os valores que estariam envolvidos, quanto o
clube do tal jogador gostaria de receber para a gente montar um
projeto. Não é coisa rápida. Se não conseguirmos para o Carioca, para o
Brasileiro vamos ter tempo. Nesse período de férias é difícil achar as
pessoas nas empresas. Se eu pudesse trazer duas super estrelas já para o
Carioca, seria maravilhoso. Temos de fazer a coisa da maneira correta.
Tudo que é feito de maneira atropelada, paga-se caro e você fica
apertado. A torcida pode ter certeza que vamos trazer uma super estrela
para o Brasileiro.
Mas o clube, diante dessas dificuldades financeiras, tem condição de trazer uma estrela?
Não
dá ainda para o Messi (risos). A gente espera que daqui uns três anos,
quatro anos o Flamengo possa ter recursos para trazer quem quiser. Quem
tem uma torcida dessa, traz Messi, traz o que for. Não tem limites para a
torcida do Flamengo. Aos poucos a gente vai chegar lá. Em 95 trouxe o
Romário depois de ser o melhor do mundo. Nós conseguimos.
Em relação ao Ninho do Urubu, como a nova gestão pretende administrá-lo?
A
gente obviamente tem o CT como uma das prioridades. Temos de
terminá-lo. Está bastante adiantado, foi um dos pontos fortes da última
gestão. Tanto que o Alexandre Wrobel continua como vice de patrimônio. É
uma pessoa competente, qualificada e conhece de um tudo daquilo lá. Ele
já passou para a gente o que precisa. Tem investimentos de curtíssimo
prazo que precisamos para amanhã. Wrobel pode dizer mais corretamente,
mas pela conversa que tivemos, ele me disse que para terminar uma fase
precisamos de uns R$ 4 milhões. Para terminar tudo, o projeto inteiro
seriam de uns R$ 11 milhões a R$ 15 milhões para colocar o projeto. R$ 4
milhões para o Flamengo não é nada, mas R$ 15 milhões já fica mais
complicado. Vamos estudar como fazer isso.
A Gávea ainda vai receber treinos do futebol profissional?
Vamos
fazer assim: durante a semana será no Ninho do Urubu, com acesso
restrito. Só atletas e comissão técnica. Ninguém mais entra lá. No clube
serão só os sócios e pessoas ligadas ao futebol. Antes dos jogos vamos
fazer um último treino na Gávea porque a gente acha que é muito
importante ter essa proximidade com a torcida. Queremos, no treinamento
que antecede os jogos, fazer um apronto na Gávea.
Qual a meta do futebol rubro-negro em 2013 e, depois, ao longo do triênio?
No
Brasileiro de 2013 a meta é ganhar. Mas a Libertdores, com certeza,
temos de voltar em 2014. Vamos montar um time e uma estrutura para isso.
O
CSKA manifestou interesse em ter de volta o Vagner Love. Já foi
informado sobre essa situação ou conversou com os representantes do
jogador?
A gente não sabe ainda a posição financeira da
dívida, da situação, o que se deve, para qual clube. Estamos pegando pé
disso agora. Não fomos contactados pelo empresário nem pelo clube.
Talvez quando assumirmos eles falem conosco. Estamos levantando todas as
dívidas e os direitos a receber também. Deve ter algum atleta que
emprestamos e não recebemos, por exemplo. Estamos vendo o que fazer com
cada atleta. Vamos procurar o atleta para ver se ele quer permanecer. No
caso do Love temos o maior interesse que ele fique. Mas de novo: se ele
não quiser ficar, temos de chegar a um acordo. Nosso interesse é que
ele fique, todos gostam dele e parece que ele disse que gostaria de
ficar também. Vamos sentar com o CSKA, saber da nossa dívida, do
parcelamento e chegar a um acerto para que isso continue sendo feito.
Como funcionará o conselho gestor do futebol?
Falei
para o Pelaipe que não precisa me ligar todo dia, por exemplo. Ele tem
total autonomia. O conselho gestor é para assuntos relevantes. Vou
trazer uma super estrela aqui, aí sentamos para conversar. Tudo que for
relativo ao futebol e relevante, vamos levar para o comitê opinar e a
gente decidir o que fazer. Se houve um problema grave, a gente
soluciona, busca alternativas. Ou então: quero fazer um time B do
Flamengo para jogar em Mato Grosso. Vamos discutir se é bom, ruim. São
projetos especiais que fogem do dia a dia.
Qual a importância do trabalho conjunto dos departamentos de futebol e marketing?
É
fundamental. É muito gratificante a gente ter uma relação com a
vice-presidência de marketing. O Bap é experiente, criativo, precisamos
de tudo isso para trazer investidores. Não só com o Bap, mas já estamos
discutindo com a vice-presidência de finanças para trazer recursos, a
área jurídica com o Flávio Willeman, com modelo de contrato de atletas. A
gente tem de ver porque o Flamengo perde tanta causa trabalhista,
porque é tão acionado. Temos de rever os contratos dos atletas. Esse
trabalho com a área jurídica vai ser fundamental. São todas pessoas do
bem. O resultado é sempre bom.
Após o caso do goleiro
Bruno, a gestão de Patricia Amorim incluiu nos contratos uma “cláusula
de bom comportamento”. Isso vai continuar?
Certamente que
sim. Mas tem de ver se essa cláusula tem eficácia. Eu não li um
contrato ainda. Se simplesmente colocou que brigou na rua e está
rescindido o contrato, como executar uma cláusula dessas? Uma coisa é
brigar na rua, outra coisa é você roubar. Foi pego roubando um anel numa
joalheira, por exemplo. As duas ferem o direito de imagem? Temos de ver
se a pena leve e grave têm o mesmo evento. Se eu exercer essa cláusula
sem estar bem eficaz, o atleta pode processar o clube. Se o Flamengo
puder exercer essa cláusula, a tendência é que o clube ganhe. Vamos
deixar os contratos claros. Se tiver de transformar um contrato de 40
páginas em um de 80 páginas, vamos transformar.
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