Por GloboEsporte.com - Postado por Abraao Na Rede
O futebol rubro-negro tem novas filosofias. Diretor executivo do
departamento, Paulo Pelaipe discute com a direção as novas diretrizes
que saíram da teoria para a prática. As premiações deixaram de ser bicho
por jogos e se tornaram bonificações por conquistas. Com o clube
asfixiado financeiramente, a primeira meta é equacionar os atrasados com
os jogadores. Contratações, neste primeiro momento, serão poucas, mas
marcarão o início de uma relação do clube com investidores. E a
disciplina também será uma das bandeiras do novo Flamengo.
Além de abalar ainda mais as finanças do clube, investir milhões em uma
contratação agora teria um efeito moral adverso no grupo atual. No
primeiro contato de Pelaipe com os jogadores, o papo foi franco e as
cartas foram colocadas na mesa.
- Acredito que em breve vamos colocar a casa em ordem. A diretoria está
empenhada, o problema das penhoras é delicado, mas está sendo tratado.
Os jogadores estão comprometidos, pois a conversa foi clara e
transparente. O presidente Eduardo, no dia em que assumiu, disse que o
Flamengo era um mau pagador. A primeira coisa na vida para conseguir
sucesso é admitir os seus erros. Tem que admitir os erros, o que precisa
melhorar para corrigir e ir em frente. É o primeiro passo para ter
sucesso. O Flamengo não iniciou na gestão Eduardo Bandeira de Mello, tem
117 anos. Temos que honrar todos os compromissos do clube. Não
interessa se foi bem feito ou mal feito. Compromisso é compromisso,
temos que honrar as tradições. Dissemos a realidade da coisa. Por isso,
neste primeiro momento, não estamos fazendo contratações – afirmou o
diretor executivo.
Duas contratações podem ser anunciadas em breve. E já com a
participação de investidores, para que o Flamengo pague somente o
salário. Na sexta-feira, Pelaipe teve reunião com a diretoria e com um
grupo que participa de uma negociação em curso.
- Vamos fazer contratações, temos uma ou duas, uma praticamente
fechada. Estamos buscando parceiros, investidores, com o Flamengo
ficando apenas com o ônus do salário, tendo participação no passe.
Qualquer investidor ou empresário do futebol brasileiro quer colocar o
jogador no Flamengo. Quando o clube estiver organizado, pagando em dia o
salário dos jogadores... A torcida do Flamengo é uma religião. No Rio,
tem 51% de torcedores, mais de 40 milhões no Brasil. Quem não quer
colocar jogador do Flamengo para ser valorizado? Jogador com a camisa do
Flamengo vale mais. No momento em que botou a camisa, se valia um, no
Flamengo vale dez. Essa grandeza é que vamos trabalhar para resgatar.
Não adianta palavra bonita, é trabalho, como estamos fazendo aqui, 15,
16, 17 horas por dia – disse o diretor.
Pelaipe, que tem feito um estudo minucioso nas documentações do
futebol, como contratos dos jogadores, afirma que a prioridade é acertar
os salários.
- Fui apresentado no dia 11 de dezembro, mas para fazer proposta,
entrar uma negociação com documento oficial do clube, só no dia 2 de
janeiro. Estamos fazendo revisão em todos os contratos, dos compromissos
não cumpridos com os jogadores. Primeira meta é colocar os salários em
dia.
Premiação por meta, e bandeira da disciplina
Na nova filosofia do futebol do Flamengo, uma ideia defendida pelo
presidente Eduardo Bandeira de Mello, o vice de futebol Wallim
Vasconcellos e Pelaipe coloca fim ao “bicho” pago por vitória em partida
isolada. O pensamento é grande. A recompensa também.
- É uma ideia da direção, do presidente Eduardo, uma ideia de que o
Wallim Vasconcellos não abre mão. Realmente uma premiação de produção,
conquistas. Não adianta dar prêmio para ganhar um jogo. Temos que dar
por títulos, conquistas, faixa no peito. Vamos valorizar e incentivar os
profissionais para que isso aconteça. Dar boas premiações sempre por
títulos. Trabalhava assim no Grêmio. Não adianta dar bicho por uma
vitória no jogo e depois não ganhar o título. Temos que premiar por
conquista. A razão de ser do Flamengo é conquistar vitórias. Jogador é
muito bem remunerado, tem bom salário. Temos que dar objetivos para ele,
tem que ter foco. E o primeiro é ser campeão carioca. Temos que formar
jogadores vitoriosos – destacou.
Pelaipe tem trabalhado intensamente, seja no campo, nos telefones
celulares ou no computador de sua pequena sala no Ninho do Urubu.
Contratar, reformular o elenco e acompanhar o grupo atual são apenas
algumas das muitas atribuições. A meta é dar a melhor condição de
trabalho. E com defesa da disciplina, apesar de ter detectado um grupo
sem maiores problemas.
- O jogador, mais do que ninguém, sabe que tem que se cuidar, cumprir
horário, se dedicar. São as coisas básicas do futebol. Qual é a função
do dirigente? O dirigente não tem que aparecer mais do que os jogadores,
eles são os artistas do espetáculo. Bom dirigente é aquele que consegue
dar condições de trabalho para os profissionais. Onde trabalhei, nunca
tive problema de vestiário, eu jogo muito aberto. Converso olho no olho.
Quando tem algum fato que não está bem, eu converso, explico. Se tiver
que punir, eu puno. Jogador, infelizmente, às vezes tem que punir, se as
regras não são cumpridas. Isso não é apenas do futebol, qualquer
segmento da vida. Tu tens regras na tua empresa. Se não cumprir, será
cobrado pela chefia. É assim no futebol. É uma empresa, e cada um tem a
sua missão. E eu sou assim, é o que faço. Sou muito de diálogo, coloco
minha posição de maneira objetiva. Aceito os argumentos, é importante
ouvir, você ouvindo também aprende. Assim que a gente trabalha –
completou Pelaipe.
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