quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

De consultor a estátua, Zico reata laços com o Flamengo

Por Espn Brasil - Postado por Abraao Na Rede

Zico voltou. Às vésperas de completar 60 anos, Arthur Antunes Coimbra está de novo de mãos dadas com, talvez, seu grande amor na vida. Em uma relação de quase 46 anos, o Galinho de Quintino e o Flamengo se uniram a ponto de se tornarem praticamente um sinônimo. Hoje, Zico significa Flamengo. Flamengo quer dizer Zico. Na Gávea, o maior ídolo do clube chegou filho, tornou-se pai, avô, jogador profissional e dirigente. Viveu glórias, amargou – poucos, é verdade – fracassos. Em 2010, deixou o clube magoado, acusado de tentar se beneficiar do Flamengo em negociações com jogadores. Logo ele, ícone de uma geração que transformou o clube levando-o ao topo do mundo. Nada foi comprovado e as seis décadas de vida trouxeram o Galo de volta ao seu terreiro. No colo de uma nação.
Embora não tenha um cargo oficial, Zico voltou a ter voz ativa no clube. Convidado a integrar de maneira fixa o conselho gestor de futebol, no entanto, declinou. Prefere não se envolver mais de caráter oficial. Mas, de novo, já se sente mais à vontade na Gávea. Em fevereiro, esteve na sede para gravar vídeos e tirar fotos para a campanha dos 60 anos, com direito a venda de uma blusa comemorativa com verba revertida para a conclusão do Ninho do Urubu. Por vezes, aliás, o ídolo tentou ajudar na montagem do CT. Participou de campanhas de pulseirinhas e tijolinhos. Agora, deve ter sua imagem atrelada ao projeto de sócio-torcedor. Zico e Flamengo, de novo, se misturam.
“A participação dele é pequena, mas volta e meia há uma consulta. Se há um atleta que ouvimos falar, ligamos e consultamos. Cargo, ele não quer. Preferiu assim. Temos projeto dos embaixadores rubro-negros para representar o clube no Brasil e no exterior. Ele, naturalmente, é o grande nome para isso. É o grande ídolo de todos nós”, afirmou o vice-presidente de futebol do Flamengo, Wallim Vasconcellos.
De fora para dentro nasceu o movimento “Zico 60 anos”, proposto por torcedores. A ideia: homenagear o maior ídolo do clube em seu aniversário e estender o tapete vermelho para reverências Brasil a fora. No dia 3 de março, data quase celebrada como um Natal para muitos rubro-negros, Zico completará 60 anos e o movimento sugeriu pintar o país com as cores rubro-negras. Camisas, flâmulas e bandeiras. O ídolo voltou à casa. Já sem mágoas. É consultor da diretoria e terá direito a uma estátua dentro da Gávea, a quarta que receberá na vida, as outras estão no Japão (duas) e no Maracanã. Por meio de redes sociais e no dia a dia, o eterno camisa 10 acompanha o carinho que recebe. Para quem cansou de jogar bonito, dar um bico no passado recente não foi tão dificil com o apoio da massa.
“As coisas que aconteceram ali dentro machucaram muito mais o torcedor. Eu fiquei chateado, mas ele sentiu na pele. O movimento poderia ter sido nos 40 anos, nos 50 anos, mas acho que, por ter tido esse problema, motivou mais o pessoal a fazer esse tipo de homenagem. É uma gratidão por entenderem aquilo tudo que representei”, afirmou Zico ao ESPN.com.br
O ensaio do retorno do quase sessentão ao clube foi dado já na última eleição presidencial do clube. Em oposição à então presidente Patricia Amorim, com quem teve problemas na sua saída como diretor de futebol em 2010, Zico decidiu apoiar a Chapa Azul, de Eduardo Bandeira de Mello. No início, o cabeça do grupo seria Wallim Vasconcellos. Já no lançamento de sua candidatura, em 2012, no Leblon, Marcello Tijolo, idealizador do movimento “Zico 60 anos”, pediu uma estátua para o ídolo. De bate-pronto, Wallim respondeu. Presente ao encontro, Zico lembra da cena.
“Eles estavam falando e alguém levantou e disse: ‘Tem de fazer a estátua dele!’. O Wallim já respondeu: ‘Vai ser a primeira providência!’. Coisas assim vêm sempre do torcedor. É o que eu respeito. Meu respeito maior é sempre pelo torcedor”, disse Zico.
A candidatura de Wallim foi impugnada pelo Conselho de Administração, mas a ideia da estátua, não. O Galinho esteve presente no dia da eleição de Eduardo Bandeira de Mello, na Gávea. Posou para fotos, deu autógrafos e teve participação decisiva no resultado do pleito. Eleição vencida, a primeira tarefa foi convencer Zico a aceitar a estátua. O homenageado temia que a escultura fosse vista com viés político. Aos poucos, com a insistência de amigos e fãs, cedeu. Os departamentos de marketing e comunicação esfregaram as mãos e deramo pontapé inicial. Com colaboradores, foi levantada a soma para construir a estátua. Nada barato.
“Não é como pagar um jantar, isso eu garanto”, afirmou o vice-presidente de marketing do Flamengo, Luis Eduardo Baptista, o Bap.
Mas, ironicamente, foi mesmo num jantar que a estátua e a reaproximação de Zico com o Flamengo tomou ainda mais forma. O projeto foi tocado pelo vice de comunicação, Gustavo Oliveira. Consultado, o Galinho deu sugestões sobre como gostaria que fosse a homenagem. A cada novo passo do processo, ele foi informado, observando as provas de imagem da estátua, em tamanho natural (1,72m), de bronze e com acabamentos com direito a brilho. Entre uma garfada e outra, Zico informou qual era a imagem que mais o agradaria.
“Ele disse que tinha uma comemoração em especial que ele gostava muito. Tinha até sido plano de fundo no CFZ. Ele falou qual era o momento, mandamos a foto para o artista e começamos a desenvolver a estátua a partir dessa foto. Assim que foi feito”, disse Bap.
A foto citada por Zico é de uma partida contra o Botafogo, um empate em 3 a 3. No lance, ele saiu de braços abertos para comemorar o gol. A imagem foi pôster do seu filme, lançado em 2002. A homenagem ficará na entrada da Gávea, logo após a escadaria da entrada principal, entre a loja Fla-Concept e a catracas para entrada dos sócios. De braços abertos, dará boas vindas as rubro-negros. Zico voltou ao Flamengo. Agora, definitivamente, para ficar.

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