segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Vice de finanças do Fla promete reforços em 2014, mas prevê ano difícil: ‘Não tem mágica’

Por Jornal Extra - Postado por Abraao Na Rede

Os R$ 250 cobrados pelo Flamengo no ingresso mais barato da final da Copa do Brasil são apenas a ponta do iceberg na busca incessante da diretoria por dinheiro. O clube ainda agoniza, após o pagamento de R$ 100 milhões dos R$ 750 milhões herdados de gestões anteriores. Mas o plano para investir em um time mais forte em 2014, com a Libertadores no horizonte, já começou. Ele inclui a renegociação de dívidas e penhoras para equilibrar o déficit de R$ 124 milhões no ano de 2013, e a subsequente redução de despesas de várias áreas para realocar no futebol.
— Ninguém estanca R$ 124 milhões sem renegociar. Não tem mágica. Vamos fechar no azul, pagar as contas. Ano que vem ainda temos problemas — confessa o vice de finanças Rodrigo Tostes.
Em conversa com o Extra, o dirigente fez um balanço financeiro da temporada e explicou que o foco no primeiro ano da nova administração foi aumentar as receitas para pagar dívidas, sem inviabilizar o Flamengo.
No ano que vem, a prioridade será tornar o clube mais eficiente, para concentrar investimentos em um time mais competitivo, conquistando ou não o título nacional na próxima quarta-feira.
— Vamos ter que aumentar o investimento, ganhando ou perdendo a Copa do Brasil, porque queremos um time mais forte — assegura Rodrigo Tostes.
A promessa prevê a chegada de jogadores mais caros e uma folha salarial mais gorda. Assim que assumiu, a diretoria procurou não deixar o custo do elenco aumentar, dispensando atletas e treinadores caros. Mas isso também teve um preço, com direito a brigas na Justiça, no caso de Renato Abreu.
— O grande ponto é reduzir isso a longo prazo. Mas o clube ainda não é eficiente do ponto de vista administrativo. Não tem como ser em um ano — afirma o dirigente financeiro. Agora, liberar espaço no orçamento para o futebol requer corte em outras áreas, sem comprometer o acordo fiscal com o fisco.
— No futebol não teve redução significativa, mas não teve aumento esse ano. Foi a maior economia — garante.
As receitas dos patrocinadores foram concentradas no pagamento de impostos para obtenção de certidões negativas. O futebol fez investimentos modestos, com a maioria de jogadores emprestados, e renegados se valorizando. O Maracanã virou aliado na hora certa, com o sócio-torcedor crescendo em momento decisivo. Um alento. Nada mais do que isso.
‘Bom pagador e bom cobrador’ aprova fair play para investir mais
Finalista da Copa do Brasil, o Flamengo acabou premiado depois de decidir abertamente lidar com a escassez de recursos para a montagem de um time de ponta em 2013, em troca de um reequilíbrio de suas contas.
O clube se antecipou ao chamado “fair play” financeiro, que é discussão pelo mundo, e vê com bons olhos o debate que prevê benefícios aos times que cumprem as obrigações pagando seus impostos.
O vice de finanças Rodrigo Tostes lembra o Flamengo, como bom pagador, aparece bem nas conversas com o governo sobre a renegociação da dívida no longo prazo, abrindo a possibilidade de um maior investimento.
— Seria importante, pagando em dia, e dando oxigênio para investir. O que o Flamengo fez esse ano foi ousado, duro. Reduzindo o valor e e postergando a dívida poderíamos fazer investimento maior. O problema é que os clubes renegociavam e num primeiro momento de risco tira m dinheiro pra contratar jogado r. Não vamos fazer isso — garante o dirigente.
Tostes informou que o Flamengo não conta mais com os R$ 5 milhões prometidos pela Prefeitura para reforma do Centro de Treinamento. Mas vai cobrar do Grêmio os R$ 10 milhões da dívida pela compra de Rodrigo Mendes.
— Agora somos bons pagadores e bons cobradores — ironiza Rodrigo Tostes.
Pagamentos 2013
Folha salarial
R$ 8 milhões por mês.
Impostos
R$ 7 milhões por mês.
Acordos e dívidas
Penhora do Consórcio Plaza (R$ 58 milhões), acordos com Ibson, Liedson, Alex Silva, Dorival Júnior e briga na Justiça com Renato Abreu.
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA COM O DIRIGENTE
JOGO EXTRA – A diretoria assumiu falando que havia 100 milhões em penhoras por causa de ações por falta de pagamento de imposto, ações civis e trabalhistas. Em quanto conseguiram reduzir a dívida este ano?
- Dos R$ 750 milhões que pegamos, chegaremos no fim do ano pagando R$ 100 milhões .
JOGO EXTRA – E quanto o clube arrecadou de fato com novos parceiros. Deu para equilibrar a conta?
- O trabalho foi dividido em cinco passos: o primeiro ver o tamanho do buraco, com a auditoria. A segunda tarefa foi trazer credibilidade. Retirar as penhoras para poder obter as certidões negativas. O terceiro foi aumentar a receita. Não dá pra fazer trabalho nenhum sem aumentar a receita. Aumentamos atravér de patrocinadores e sócio-torcedor. O quarto foi negociar as dívidas. E o quinto que começou agora e vai durar por bastante tempo, que é a redução de despesa. Ano que vem vamos olhar mais a fundo a redução das despesas no clube. Esse ano foi aumentar a receita. Mas a gente fez muito pouco na redução de despesas.
JOGO EXTRA – A preocupação em conter gastos durante a temporada não foi levada a sério?
- Quando você manda gente embora, dispensa atletas, você tem despesa. Tivemos os casos do Ibson, Renato Abreu, e outros atletas. O grande ponto é reduzir isso a longo prazo. Isso a gente tentou fazer. Mas o clube ainda não é eficiente do ponto de vista administrativo. Não tem como ser em um ano. A folha CLT está em dia. Nós não encontramos dessa forma. Mas temos processos em aprovação. Um sistema que funciona. Transparência nas operações. Balanço trimestral. Orçamento plurianual para os próximos anos. Não dá para consertar vários anos em um só. Também não dará ano que vem. Vamos começar um trabalho agora em dezembro para olhar onde podemos reduzir despesas.
JOGO EXTRA – O clube se desfez de jogadores, mas trouxe outros também caros. Qual a economia real? Quanto reduziu a folha?
- Se comparar, ano passado, todos os custos, a maior economia foi não aumentar a despesa do futebol. Futebol é a galinha dos ovos de ouro. Se quiser começar a reduzir por ele o risco é grande. O plano para o ano que vem, com foco no futebol, vai ser fazer a redução em algumas áreas e aumentar em outras. No futebol não teve redução significativa, mas não teve aumento.
JOGO EXTRA – Por que o clube jogou fora o que já tinha pago pelo Vagner Love?
- Exatamente para não deixar aumentar. Os contratos tinham trampolins que impossibilitavam que estivesse tudo em dia, os salários. Não posso em função de um ou dois comprometer toda a esturura.
JOGO EXTRA – O clube recebeu a multa do Mano?
- Sim, foi regularizado.
JOGO EXTRA – Já há uma projeção de gastos e investimentos para 2014? O que esperar se ganhar ou perder a Copa do Brasil?
- Hoje temos planejamento perdendo ou ganhando. Se ganhar vamos readequar. Mas quando falo na redução de custo não falo do futebol, apenas. O clube tem que ser mais eficiente. Não podemos matar o futebol. Vamos ter que aumentar o investimento, ganhando ou perdendo a Copa do Brasil, porque queremos um time mais forte. Mas tem que gastar com inteligência.
JOGO EXTRA – O time é esse mesmo para 2014? Ou haverá dinheiro em caixa para buscar reforços? Quantos? O Mano comentou que a folha era de 8 milhões e dos concorrentes 12, 14 milhões
- Vamos fortalecer o time. É o que posso prometer.
JOGO EXTRA – Onde está o dinheiro da Adidas e da Caixa hoje? Acabou? Pode vir mais receita de onde? Marketing, bilheteria?
- Não está tudo comprometido. Mas o Flamengo tem grandes oportunidades de receita ainda. Vamos buscar de todos os lugares. Projetos de lei de incentivo. A gente precisa captar. É uma grande oportunidade. Esse trabalho já começou, mas não tem um número. A gente aprovou R$ 75 milhões. Para esportes olímpicos, reformar o CT. Fora a questão etica e moral foi um dos grandes objetivos por pagar R$ 7 milhões de imposto por mês. Captar é uma outra tarefa. Ainda estamos tentando reunião com o prefeito para tratar do CT. Mas não conto mais com isso. O orçamento tem que ser conservador. Se a Prefeitura encontar um solução, ótimo.
JOGO EXTRA – Dá pra concorrer com o Corinthians em termos de receita sem um estádio próprio?
- Hoje, como foi estruturado o contrato do Maracanã, é bom, mas pode ser melhor com um estádio próprio. O Corinthians negociou e o Flamengo perdeu essa oportunidade lá atrás. Agora é difícil. Para fazer estádio precisa de terreno, investidor, mas não é uma situação que a gente tira da frente, não. Mas a conta tem que ser melhor que o Maracanã; Não dá é para ter contrato de longo prazo com Maracanã e um estádio próprio.
JOGO EXTRA – Lá atrás vocês declararam que renegociaram 45 milhões em dívidas com bancos. Fizeram novos empréstimos? Quanto? Ainda dependem deles?
- Ninguém consegue estancar 124 milhões de déficit sem renegociar. A gente postergou as dívidas, mas esse ano fecha no azul. Vamos pagar todas o fluxo de caixa. Com novas receitas e renegociando a dívida. Não tem mágica. No ano, primariamente, vamos fechar no azul. Pagar as contas todas. Inclusive as certidões e renegociações de dívidas. Mas ano que vem ainda temos problemas. Esperamos estancar com o sócio-torcedor e novos patrocínios, receita de bilheteria na Libertadores, venda de carnês.
JOGO EXTRA – Se o Flamengo se classificar para a Libertadores, qual vai ser a faixa de preços dos ingressos?
- Não temos os preços. Mas se classificar a ideia é dar o privilégio do sócio-torcedor comprar os três primeiros jogos num pacote.
JOGO EXTRA – O que você acha do modelo de patrocínio da Unimed no Fluminense?
- Está longe do modelo que o Flamengo quer adotar. Não passa pela nossa filosofia. O Flamengo tem força para cumprir suas dívidas sozinho.
JOGO EXTRA – O fair play financeiro vai chegar ao Flamengo no pagamento de salários aos jogadores?
- Tem uma série de renegociações do governo, pagando parcelamento de dívida, que as empresas cumprem. Se não cumprir tem consequencias. No futebol nuca foi assim. Nunca cumpria. Se tiver responsabilidades pode funcionar, ser uma solução. Para se pagar em dia para dar um oxigênio para investir. O que o Fla fez esse ano foi uma atitude na minha visão ousada, dura, porque é uma responsabilidade de pagar 7 mi por mes de imposto, é difícil, tem que ter muita força, as discussões que vem tendo, estamos trabalhando 24/7. Redução de valor e postergar poderia estar fazendo investimento maior. O grande ponto não é quanto paga. Mas se comprometer com um tipo de dívida e cumprir. Os clubes renegociavam e num primeiro momento de risco tira dinheiro pra contratar jogador. Não vamos fazer isso.
JOGO EXTRA – O clube vai executar a dívida de R$ 10 milhões do Grêmio pelo Rodrigo Mendes?
- Estamos ansiosos para receber. Hoje somos um bom pagador, pois estamos em dia, e somos também um bom cobrador.

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