sábado, 1 de dezembro de 2012

No Flamengo, candidato promete novo estádio e mira gerente de futebol

Por Terra - Postado por Abraao Na Rede

Sócio desde 1975, o empresário Jorge Rodrigues concorre pela primeira vez à presidência do Flamengo, e aparece como o azarão na disputa, polarizada, segundo as pesquisas, pelos candidatos Eduardo Bandeira de Mello e Patricia Amorim. Até meados do ano, ele não tinha qualquer plano de se candidatar. No entanto, depois de oferecer um estudo de modernização da gestão do clube e não ser atendido pela atual presidente Patricia Amorim, decidiu que era hora de tentar comandar a equipe do coração.
Dono da empresa de logística Triunfo, que patrocina a camisa do Flamengo, Rodrigues conseguiu, nas últimas semanas, aglutinar outras duas candidaturas em torno da dele. Mauricio Rodrigues e Lysias Itapicurú desistiram do pleito da próxima segunda, e fecharam com o representante da chapa rosa na eleição. Boatos na Gávea dão conta de que Rodrigues ainda pode fechar um acordo com a própria Patrícia Amorim.
Os planos do candidato incluem a implementação de uma gestão profissional do futebol, tocada por um executivo contratado que, segundo ele, teria carta branca. Rodrigues pretende ainda dar ênfase ao departamento de marketing para que o Flamengo possa aumentar o faturamento. O candidato tem a meta ousada de fazer com que o clube possa ter dois estádios: ele promete brigar para administrar o Maracanã, e anuncia a ideia de construir uma arena para até 60 mil pessoas na Baixada Fluminense.

Confira a entrevista exclusiva de Jorge Rodrigues ao Terra:
Terra: por quê o senhor quer ser presidente do Flamengo?
Jorge Rodrigues: quem me lançou candidato foi a Patricia Amorim. Há situações de total descontrole no futebol, na administração. Isso tem colocado os flamenguistas bastante preocupados e apreensivos. Hoje, deve haver uma gestão profissional. A paixão e o amor têm que ser deixados de lado, tem que se trabalhar com a razão. A forma como o Flamengo vem sendo administrado me moveu a ser candidato. O futebol, que é a razão do clube, está sem comando, sem nada.

Terra: que modelo pretende implementar no gerenciamento do futebol do clube?
Jorge Rodrigues: vamos contratar um gestor profissional, um executivo. Ele vai ser o homem forte do futebol. Teremos, sim, um vice-presidente de futebol, como prevê a regra do clube. Mas será o executivo quem vai dar as cartas no futebol. Ele vai atuar na contratação de jogadores. Será um executivo com voz e ação.

Terra: ele terá carta branca para ditar os planos do futebol?
Jorge Rodrigues: a independência dele será ditada por ele próprio. Ele terá carta branca para trabalhar no futebol, desde a base até o futebol profissional. Ele vai colocar a estrutura dele. Ele será avaliado. O vice de futebol vai fazer a ligação entre ele e a diretoria. Quero que o executivo tenha toda a liberdade para fazer e desfazer.

Terra: o Flamengo é conhecido por ser permissivo com os jogadores. O senhor pretende impor uma linha dura para eles?
Jorge Rodrigues: cada um vai ter que fazer a sua parte, clube e jogador, e todos serão cobrados. O clube terá que pagar em dia, dar toda a estrutura para cobrar dele um bom desempenho e uma boa performance dentro e fora de campo. Tudo vai estar estipulado no contrato.

Terra: como o senhor avalia a gestão atual, de Patrícia Amorim, à frente do clube?
Jorge Rodrigues: no futebol não se pode deixar para depois o que se pode fazer agora. Futebol é muito dinâmico. Quando se deixa de tomar uma atitude, se perde o tempo, se perde o momento. O Flamengo tem o poder de fazer com que um vento se transforme em uma ventania, uma chuva se transforme em uma tempestade. O que faltou à Patrícia foram pessoas dentro do futebol com autoridade. Isso tudo levou o clube ao caos. Perdemos o Vanderlei (Luxemburgo), perdemos tanta gente que poderia estar produzindo. Por quê funcionam lá fora? Aqui, não foram cobrados, faltou comando. Tem que ter alguém que mande, que bata na mesa e diga que acabou. No futebol, decisões têm que ser imediatas.

Terra: qual medida emergencial o senhor tomaria caso chegue à presidência do clube?
Jorge Rodrigues: reorganizar o clube, verificar como ele está, qual a situação, para se tomar as providências necessárias. Não sabemos de nada. Acho que nem eles que estão no poder sabem. Primeira coisa é tomar pé da situação. Depois, transformar o departamento de marketing em uma coisa autônoma, independente. Recuperar o marketing, profissionalizar. Minha ideia é transformar a concentração de São Conrado na sede do marketing, com uma vice-presidência de desenvolvimento e novos negócios, para implementar um outro Flamengo, onde vamos buscar recursos que vai abastecer o futebol e todos os esportes.

Terra: como o senhor pretende administrar os esportes olímpicos? Os recursos do futebol continuarão sendo repassados?
Jorge Rodrigues: somos um clube esportivo e social, não podemos virar as costas para outros esportes. São importantes para nosso clube. Mas temos que buscar meios de subsistência. Todos têm condições de se financiarem. Por quê o futebol tem que abastecer todos eles? Há condições deles seguirem sozinhos. Não concordo que o futebol financie os demais, mas também não vou cortar de uma hora para outra. Isso será feito gradativamente. Queremos um clube que dê lucro, que dê resultado.

Terra: como fazer o Flamengo decolar? Que ideias o senhor pretende implementar para que o Flamengo fature à altura do tamanho de sua marca?
Jorge Rodrigues: credibilidade e criatividade. Resgatando a credibilidade, e com criatividade, vamos fazer com que os 40 milhões de torcedores possam nos abastecer financeiramente. Vamos fazer um planejamento, cumprir com nossas obrigações orçamentárias, fazer com que os contratos sejam respeitados. Temos que readquirir isso. A partir daí, vamos trazer de volta os investidores, os patrocínios.
Por quê não criar sucursais, franchisings do Flamengo fora do Rio de Janeiro? Dentro do próprio Estado mesmo, em Nova Iguaçu, Campos. Criar sedes com a marca do Flamengo, e os resultados serem repassados à matriz. Se ele não vem à Gávea, vamos levar a Gávea até ele. Em Manaus, 50% da população torce pelo Flamengo. Nossa primeira sucursal da sede será montada em Manaus, aproveitando as embaixadas. Qual a função das embaixadas? Nenhuma. Só para dizer que é?

Terra: como lidar e resolver a alta dívida que o clube tem?
Jorge Rodrigues: primeiro, é preciso encarar a dívida de frente e analisar realmente qual o tamanho dela. Vamos renegociar e acertar nossas dívidas. Um clube que tem uma marca de R$ 1 bilhão, e tem uma dívida de R$ 400 milhões, R$ 500 milhões, não é um clube inadimplente. Ele tem como pagar. Mas temos que saber onde estamos, o que devemos, para renegociá-las e alongá-las.

Terra: o Flamengo não tem um estádio para jogos do time profissional, e o Maracanã não poderá contar com a participação de clubes na administração. O senhor planeja construir um estádio?
Jorge Rodrigues: lembra da campanha “O Petróleo é Nosso”, né? Tanto o petróleo está para o Brasil, quanto o Maracanã está para o Flamengo. Se o petróleo é nosso, para o Brasil, o Maracanã é nosso, para o torcedor rubro-negro. Isso está no nosso sangue. A alma do Maracanã é o Flamengo. Vamos brigar pelo estádio. Vamos entrar com tudo para que o Maracanã seja nosso, para que a gente participe de alguma forma. Temos que lutar pelo Maracanã.
O Maracanã tem que ser o foco, mas tenho o plano de construir outro estádio na Baixada. Pode ser em Nova Iguaçu ou em Duque de Caxias. Seria um estádio para 50 a 60 mil pessoas, financiado por investidores privados. O Flamengo passaria a ter dois estádios. Queremos dois estádios. A grandeza do Flamengo permite isso. Não podemos pensar no Flamengo pequeno. Temos que pensar no Flamengo grande.

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