Como escrevi na última coluna, se a mim coubesse esta decisão seria a mesma da diretoria. Não tenho dúvidas que ao final do Brasileiro de 2011 os cientistas de plantão estabelecerão suas teorias do certo ou errado com base nos resultados, mas quero deixar claro que minha opção por não querer o retorno do Adriano, não será abalada por qualquer resultado a curto ou médio prazos, pois é baseada na crença que é muito maior a probabilidade de se ter sucesso, em qualquer segmento, com organização, planejamento e disciplina aliados ao talento.
Respeito a opinião de todos, mas neste processo o que mais me surpreendeu foi a falta de memória de uma parte da nossa torcida. Estamos há vinte anos num modelo totalmente amador, lógico que com evoluções nos últimos cinco anos, tomando decisões conflitantes com o discurso, contratações atrás de contratações frustradas, com muita “engenharia financeira” e os resultados: apenas dois títulos nacionais (Copa do Brasil 2006 e Brasileiro 2009) e muitas dívidas. Pois bem, num momento em que a diretoria se propõe a trabalhar de uma forma mais organizada, planejando as ações com responsabilidade, surge uma parcela, não sei se a maior parte ou não, da torcida criticando a decisão.
Me surpreende a amnésia seletiva de parte da torcida que se lembra da importante participação de Adriano, é verdade, no hexa em 2009, mas se esquece da sua pífia participação no estadual e Libertadores de 2010, quando foi vaiado em vários jogos, se aborreceu e até deixou de comemorar com nós torcedores os poucos gols que fez.
A mesma falta de memória também que desconsidera que foi o Adriano que quis sair no ano passado do clube, recusando uma oferta de renovação alegando querer voltar para a Europa.
Como também escrevi na semana passado, acho o Adriano um cara do bem, com problemas, mas sem ser aquele bad boy mau caráter. Ao contrário, todos que com ele convivem gostam dele. Acho que ele tem muito mais chances de se recuperar em outro time no Brasil do que no Flamengo. Em outro clube, será muito mais cobrado por todos, desde de diretoria à torcedores, ainda mais depois desta rejeição que teve do Flamengo, que sem dúvida servirá para ele entender que seus erros não ficaram impunes.
Espero que esta novela ou mini-série acabe realmente aqui e que voltemos as nossas atenções à formação do time com o elenco atual e para as reais possibilidades de reforços para o Brasileiro de 2011.
FREIO DE MÃO
Não entendo este papo de bonde sem freio. Acho que o time ainda está com o freio de mão puxado, não tendo ainda deslanchado, sem fazer três ou quatro partidas seguidas convincentes. O que vimos foram momentos de bom futebol, mas logo seguidos de momentos de confusão tática.
Espero que o Luxemburgo aposente de uma vez por todas esta ideia de colocar o Ronaldinho de centro-avante e de costas para o gol. Por pior que seja a fase de nossos centro-avantes, ter um jogador deste na frente, como referência e prendendo dois zagueiros, facilitará o trabalho dos nossos homens de criação, o próprio Ronaldinho e o Thiago Neves.
Escrevi na coluna de 13/02/2011 (http://www.flamengorj.com.br/coluna/quebra-cabeca.html) que minha formação tinha quatro titulares: Felipe, Léo Moura, Ronaldinho e Thiago Neves; as demais posições estavam em aberto. Quarenta dias depois, incluo mais dois nomes: David Braz, pelo lado direito ou esquerdo da zaga, e Williams, como cabeça-de-área centralizado ou como volante pela direita, mostraram que neste momento, com o elenco atual, devem ser titulares absolutos. Então, temos agora cinco vagas em aberto.
Na minha opinião, estas cinco vagas seriam do Welinton, Egídio, Maldonado, Diego Maurício e Deivid. Com esta formação, teríamos então em 4-2-2-2, bem ofensivo. Uma possível variação é a que o time jogou em Fortaleza e será repetida hoje. Teoricamente é a que mais me agrada, mas não vejo jogadores no elenco atual com capacidade de executá-la. Consiste num único atacante, dois meias chegando sem muita obrigação de fechar o meio-de-campo (Ronaldinho e T Neves), um volante pela direita (Williams), fazendo dupla com L Moura, e outro pela esquerda (Renato), fazendo dupla com o lateral esquerdo (Egídio ou R Alvin) e um cabeça-de-área centralizado (Maldonado). Quando digo que não vejo jogadores com perfil para esta armação é porque não acho que Williams e Renato tenham qualidade para fazer este papel, pois erram muitos passes e tornam o time lento na saída de bola, facilitando a marcação adversária.
Vamos torcer para que hoje R Galhardo e Lorran façam boa partida, no lugar do Williams e Renato, pois acho que estes dois jovens têm mais qualidade com a bola nos pés que os titulares, mas perdem na experiência. Caso eles encaixem no time, o Williams voltaria no lugar do Maldonado. Alias, gostaria de registrar que este menino Lorran, junto com o zagueiro Frauches, foram os que mais me impressionaram no time campeão da Copa São Paulo. Canhoto, de bom passe e que sabe chegar na frente, Lorran pode nos ser muito útil; resta aguardar e torcer que nos profissionais ele tenha oportunidades e saiba aproveitá-las jogando com a mesma inteligência e categoria que demonstrou até então.
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