A Tepco (Tokyo Electric Power Co.), operadora da usina nuclear Fukushima, informou em comunicado que o vazamento de radiação detectado na água é maior do que o esperado, o que poderá retardar o trabalho para restabelecer o sistema de resfriamento dos reatores.
A Agência de Segurança Nuclear do Japão também declarou que detectou uma concentração de iodo radioativo 1.250 vezes superior ao limite legal na água do mar na área próxima a Fukushima.
Os operários dão prosseguimento neste sábado aos esforços para restabelecer o sistema de resfriamento dos reatores, danificado pelo devastador terremoto e o posterior tsunami que em 11 de março assolaram o nordeste do Japão.
Na sexta-feira foram detectados altos níveis de radioatividade em água acumulada em vários locais da central, o que fez com que dois operários fossem hospitalizados e impediu a continuação dos trabalhos para ativar as bombas de água.
Agora a empresa operadora da usina planeja como retirar a água contaminada das salas de turbinas de vários reatores.
Enquanto isso, continua a injetar água a partir de caminhões para evitar um superaquecimento: na sexta-feira começou a ser feito o lançamento de água doce sobre as unidades 1 e 3, em vez de água do mar, para evitar que o sal cristalizado bloqueie válvulas e encanamentos.
Neste sábado será feito o mesmo no reator 2, que hoje deve voltar a ter eletricidade, ao menos parcialmente, em sua sala de controle, algo que já acontece nos reatores 1 e 3. O reator 3 é considerado o mais perigoso, já que é o único que além de urânio contém plutônio.
ACIMA DO LIMITE
De acordo com a agência, um amostra de água do mar coletada a cerca de 330 metros ao sul da usina mostrava uma concentração de iodo-131 1.250,8 vezes maior do que o nível determinado pela legislação do país.
A agência de segurança nuclear afirma que, se uma pessoa consumir 500 ml de água com a mesma concentração de iodo radioativo, ela estará exposta ao limite máximo de radiação considerado normal para um ano inteiro.
Marcelo Correa/Arte/Folhapress | ||
PREMIÊ
Em seu primeiro pronunciamento público nos últimos sete dias, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, disse ontem que a situação do vazamento nuclear na usina de Fukushima Nº1 ainda está "longe de ser resolvido" e que o governo permanece vigilante, embora os esforços concentrem-se em "evitar que o problema fique pior".
"Estamos nos esforçando para evitar que a situação piore, mas sinto que não podemos nos tornar complacentes. Precisamos continuar vigilantes", disse Kan.
Toru Hanai/Reuters | ||
Premiê japonês veio a público alertar para situação "grave" no país; acidente aumentou temor de contaminação |
"A situação hoje na usina de Fukushima ainda é muito grave e séria. Não estamos numa posição em que podemos ser otimistas. Devemos tratar cada desdobramento com cuidado extremo", complementou.
CONTAMINAÇÃO
A contaminação de três operários da usina nuclear de Fukushima 1 por uma quantidade de radiação 10 mil vezes mais alta que a normal levou ontem o governo japonês a investigar uma possível ruptura no reator 3.
Pequenas quantidades de radiação já vinham vazando dos reatores desde que um terremoto de magnitude 9 e o subsequente tsunami destruíram o sistema de resfriamento da usina.
Porém, uma vez confirmada, uma ruptura na primeira parede de contenção do reator pode significar um vazamento de radiação de proporções muito maiores que as registradas até agora.
Além disso, o reator 3 é movido a plutônio, substância mais tóxica que o urânio, presente nos outros reatores.
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