domingo, 20 de março de 2011

A NOVELA!

Por Márcio Neves, Fla RJ - Postado por Abraao Na Rede

Amigos rubro-negros, começarei a coluna de hoje com uma pergunta: a quem interessa esta mais nova novela em que se transformou o retorno ou não do Adriano ao Flamengo?

Estamos vivendo um momento ímpar no futebol, dentro e fora do campo, quando tudo ou quase tudo dá certo, senão vejamos:

  • A contratação de Ronaldinho, classificado como a maior negociação do futebol brasileiro, resgatando a auto-estima da torcida após um 2010 catastrófico;
  • O título da Copa São Paulo de Juniores, apresentando uma safra bastante promissora de jovens jogadores;
  • Nosso time profissional está invicto na temporada, já tendo ganho a Taça Guanabara e se classificado nas duas primeiras fases da Copa do Brasil sem precisar do jogo de volta;
  • Estamos negociando o maior contrato de patrocínio do país, na ordem de R$30 milhões por temporada;
  • Estamos negociando a maior cota de direitos de transmissão na TV, ao lado do queridinho paulista, na ordem de R$100 milhões por temporada.

Pois bem, por que estão querendo dividir o clube justamente neste momento? Ou pior, dividir a torcida. Desde quando uma enquete via internet tem caráter de pesquisa para ficar se afirmando aos quatro cantos que a grande maioria da torcida quer o Adriano de volta?

Com toda esta campanha o Adriano ainda sai de vítima, sendo mostrado na academia recuperando a forma, perdida sabe-se lá como. Se retornar ao Flamengo, não tenham dúvidas, em menos de duas semanas a campanha se inverte, mostrando-o nas suas confusões extra-campo.

COMUNICAÇÃO

É nestas horas que nós vemos que o clube tem muito o que avançar em estrutura e em profissionalismo. Precisamos de um profissional para gerenciar o relacionamento com os meios de comunicação, para não expor desnecessariamente técnico e diretoria.

Nos tempos modernos de internet e redes sociais, não precisamos mais ficar escravos dos grandes oligopólios de comunicação do país. O clube precisa criar seu próprio canal com seus clientes, leia-se torcedores, de forma a separar os fatos dos factóides e não criar falsas expectativas ou decepções.

Minha percepção é que o caso não está encerrado. As declarações vindas do clube são na direção de que Adriano está fora dos planos, mas sempre com algumas palavras de duplo sentido que permitem uma reviravolta.

Infelizmente, acho que o que vai influir decisivamente é o resultado em campo. Se o time melhorar a sua parte ofensiva, com a escalação de um atacante de ofício, por favor Luxa, e continuar ganhando as chances serão menores. Caso contrário, tudo pode acontecer.

IMPERADOR I

Minha grande preocupação neste episódio é o papel que o Luxemburgo vem tendo.

Quem acompanha minhas colunas sabe que o considero o melhor técnico de campo do futebol brasileiro. Apesar de um pouco arrogante, conhece o futebol como poucos, tem a linguagem dos boleiros, sabe trabalhar tanto com estrelas como com jovens, mas na minha opinião tem um defeito bastante perigoso. É bastante centralizador.

Lógico que ele, como técnico, tem que ser ouvido, mas a decisão não pode ser somente dele. Todos sabem como é a vida de técnico no Brasil; perde um título ou tem uma sequência negativa de resultados e já já está na rua.

Portanto, a decisão em contratar um jogador, ainda mais com o custo e o histórico de Adriano tem de ser avaliada e julgada sob vários aspectos e a decisão deve ser da diretoria, em última instância.

Não podemos criar um novo Imperador na Gávea.

IMPERADOR II

Não sou contra o Adriano. Não o conheço pessoalmente, mas parece ser uma boa pessoa, simples, não sendo daqueles “bad boys” que dividem o elenco, que queira privilégios por ser estrela e tudo mais. O problema dele me parece ser emocional, sem possuir estrutura para suportar a pressão e entender que o bônus de ser celebridade tem o ônus de ter um comportamento condizente com a sua fama.

Sou a favor do Flamengo. Caso a direção do clube opte por recontratá-lo estarei torcendo para o seu sucesso, que ele bote a cabeça no lugar e brilhe novamente com a camisa rubro-negra. Haja São Judas Tadeu !!!

Se coubesse a mim decidir, minha decisão seria a de não contratar Adriano e explico o porquê confrontando os principais argumentos dos que defendem a sua volta. Para mim Adriano não ganhou o título brasileiro de 2009 sozinho. O que falar do Bruno que defendeu vários pênaltis em partidas decisivas? E o Pet? E o Andrade que queiram ou não soube chegar e conquistar a confiança do grupo? Por isso vamos recontratar os três também?

Adriano teve papel importante na campanha? Sem dúvidas, mas ao mesmo tempo na reta final deixou muitos furos. Lembro-me bem no jogo pela antepenúltima rodada contra o Goiás no Maracanã, jogo no qual se ganhássemos assumiríamos a liderança pela primeira vez no campeonato. No segundo tempo, o Adriano não se aguentava em campo, mal conseguia dominar a bola, chegando a ser vaiado por parte da torcida. Resultado final 0 x 0. No jogo seguinte, contra o Corinthians, ficou de fora alegando aquela queimadura misteriosa que somente foi curada três meses depois. No jogo final contra o Grêmio, teve mais uma vez atuação apagada, fazendo com que precisássemos de gols de dois zagueiros (David Braz e R Angelim) para sermos campeões.

O segundo argumento dos que o defendem é que o importante é o jogador decidir em campo. Não tenho dúvidas que sim, mas já está mais do que provado que cada vez mais no esporte de alto desempenho para um jogador poder decidir alguma coisa, por maior que seja o seu talento natural, é necessário treinar, estar em excelente forma física e emocional. Neste sentido, também não serve um Atleta de Cristo, que não bebe não fuma e não faz gol.

O outro argumento dos defensores de Adriano é que o time não tem centro-avante. Não concordo com as escalações do Luxemburgo sem um home de frente, sem uma referência na área. Não acho que o jogador Wanderley, apesar da sua comovente aplicação, seja a solução. Acredito sim que ou Deivid ou D Maurício possam sim encaixar e se entrosar com R Gaúcho e T Neves> se não conseguirem, busquemos outros no mercado.

Além disso tudo, temos uma safra com grande potencial chegando das divisões de base e que estes jovens precisam entender que um profissional se faz com disciplina, espírito de equipe que transformam este potencial em realidade. Neste caso, vamos combinar que Adriano não seria um bom exemplo.

Não podemos nos esquecer de um aspecto que pouco se fala. Futebol atualmente é um grande negócio e um jogador caro como Adriano precisa que algum patrocinador banque, ao menos parte, dos seus rechonchudos vencimentos. Quem será que paga?

Todos se lembram de 1995, quando a então diretoria optou por uma estrela, Romário, em detrimento a um projeto, demitindo o mesmo Luxemburgo após a perda de um título no último minuto. Como futebol não é uma ciência exata, não podemos afirmar que se ele permanecesse o time teria resultados melhores naqueles 3 anos seguintes, quando conseguiu apenas um estadual em 1996. Podemos sim afirmar que a probabilidade de se obter sucesso é muito maior quando o projeto tem planejamento, a estrutura é profissional, em todos os níveis, e todos estão no mesmo objetivo. É o que parece que está acontecendo agora. Vale a pena correr o risco?

Saudações rubro-negras!

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