RIO - Morreu nesta quarta-feira nos Estados Unidos, de insuficiência cardíaca, a atriz Elizabeth Taylor. A eterna Cleópatra dos cinemas tinha 79 anos. Em fevereiro, ela esteve internada num hospital de Los Angeles para tratar um problema no coração.
Para alguém cujo lema era "é preciso pegar a vida entre as mãos e espremê-la como um limão", a atriz, nascida em Londres mas de mãe e pai americanos, viveu uma trajetória de glórias, oito casamentos e três Oscars sem se preocupar com consequência alguma.
É difícil pensar nas grandes atuações femininas do cinema sem lembrar de Elizabeth Taylor em "Quem tem medo de Virginia Woolf"?, que lhe rendeu seu segundo Oscar, em 1967 - o primeiro veio em 1961, por "Disque Butterfield 8", enquanto o terceiro foi um prêmio especial por seu engajamento em causas humanitárias, como a batalha pela erradicação da Aids.
Na comemoração de seu aniversário de 60 anos, em 1992, celebrado com uma festança na Disneyworld, Elizabeth Rosemond Taylor chamou os amigos e declarou: "Na minha idade, uma mulher pode fazer o que quiser da vida. Pode-se desistir e ficar uma velhinha. Ou se pode enfiar um jeans e ir em frente, pois se tem a experiência e a prática que não se tinha antes. Você pode fazer coisas completamente fora do normal e nem ligar para as consequências".
Primeira mulher na história de Hollywood a receber um cachê de US$ 1 milhão - cobrado pela sua participação em "Cleópatra", de 1963 -, Elizabeth começou sua trajetória cinematográfica como todas as candidatas ao título de "a próxima Shirley Temple" começavam nos anos 1940: menina. Aos 10 anos, ela apareceu em "There's one born every minute" (1942), de Harold Young. Nos testes, ela encantou os executivos da Universal Pictures, os quais, impressionados com seus olhos de tons violeta, contrataram-na de cara. Nas telas, entretanto, seu olhar não seduziu as platéias, o que gerou uma revogação de contrato. A Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), entretanto, resolveu oferecer uma segunda chance à garota que, quando adulta, metralhava a imprensa marrom dizendo "Não há desodorante melhor do que o sucesso".
Nos estúdios da MGM, ela iniciou suas atividades ao lado da cadela Lassie em "A força do coração", de 1943, ainda sem muito brilho. Só no ano seguinte, Elizabeth teve chances para se destacar, na pele da jóquei Velvet Brown em "A mocidade é assim". Com uma bilheteria de US$ 4 milhões - cifra alta para os padrões de arrecadação de 1944 -, o filme explodiu no gosto popular, transformando Elizabeth em uma espécie de namoradinha da Metro, vendo seu cacife destronar o de outras promessas infanto-juvenis do estúdio. Dali para frente, a atriz emplacou um êxito atrás do outro, ostentando uma concorridíssima agenda de compromissos com filmagens. Em 1954, por exemplo, ela filmou quatro longas-metragens, inclusive o cultuado "A última vez que vi Paris", firmando-se como um dos rostos mais bonitos da indústria hollywoodiana. Não havia crítica que não ressaltasse sua beleza, embora a própria Elizabeth debochasse muitas vezes de seus atributos naturais. "Nunca pensei em mim como uma pessoa bonita. Sempre encarei meus atributos físicos como um dom genético", dizia com frequência.
Em 1956, Elizabeth Taylor estrelou uma de suas produções mais consagradas: "Assim caminha a Humanidade", na qual contracenou com o mito James Dean e com Rock Hudson, com quem travou uma devotada amizade. Após a morte dele, decorrente da Aids, Elizabeth se engajou em campanhas em busca de uma cura para a doença.
Dirigido por George Stevens, "Assim caminha a Humanidade" só fez aumentar a popularidade da atriz. Ao passo em que ia arrebatando fãs entre os cinéfilos, Elizabeth ia colecionando casamentos. O primeiro aconteceu em maio de 1950, com Conrad Hilton Jr., com quem ela viveu por nove meses. Engatou, na sequência, um matrimônio com Michael Wilding, que durou até 1957, quando ela se casou com o produtor Michael Todd, morto no ano seguinte, em um desastre aéreo. O próximo da fila foi o crooner Eddie Fisher, cuja aproximação com a atriz gerou um escândalo na imprensa internacional. Fisher era casado com a atriz Debbie Reynolds, amiga de Elizabeth. O casal a consolou quando Todd morreu. Na tentativa de animar Elizabeth, Fisher acabou caindo nos braços da atriz, abandonando Debbie, que foi aos jornais acusar a amiga de traição.
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