terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Meu Jogo Inesquecível: emoções de Christine Fernandes no Fla de 1987

Beijos de Bebeto para a mulher, Denise, após gol, vibração dividida do pai, um ex-colorado, e urubu jogado no campo marcam na final da Copa União

Por Márcio Mará Rio de Janeiro - Postado por Abraao Na Rede


O time tinha Zico, Bebeto, Renato, o Zé Carlos no gol,
Leandro, Andrade... Era fantástico"

A atriz Christine Fernandes sempre arrumou tempo para dividir suas tarefas profissionais com as de esposa, mãe e... torcedora. Rubro-negra declarada, dessas de botar a camisa e ir para o Maracanã torcer alucinadamente, lembra com detalhes de um título. Afinal, decisão de campeonato é sempre um jogo especial. Melhor ainda com vitória. Fica sempre na memória. Na final da até hoje polêmica Copa União de 1987 entre Flamengo e Internacional - a CBF reconhece a conquista do Brasileiro para o Sport Recife -, a americana de Chicago, mas brasileira e carioca de carteirinha, lembra a euforia com que soltou o grito de "tetra" brasileiro após viver, naquele duelo vencido por 1 a 0, três momentos inesquecíveis.

A comemoração de Bebeto depois de marcar o gol, mandando beijos para a futura esposa, Denise, é o primeiro. A vibração apaixonada mas ao mesmo tempo "dividida" do pai, o gaúcho Antônio, flamenguista roxo desde a chegada ao Rio há mais de 40 anos, mas um antigo colorado, não passou em branco. E o urubu jogado pela torcida no campo que o ídolo Renato Gaúcho foi apanhar também acabou marcante.

Christine Fernandes com a família na torcida do Flamengo
Christine procura sempre levar o filho Pedro para ver o Flamengo jogar (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)


- Aquela partida teve muito significado para mim. A Denise jogava vôlei comigo no Flamengo. Depois fui para o Bradesco Atlântica, mas continuamos muito amigas. Quando o Bebetinho fez aquele gol logo no início e mandou beijinhos para ela, fiquei muito feliz. Depois, ainda lhe dedicou a jogada. Foi lindo aquilo. Na comemoração, vibrei muito com meu pai, mas senti que o coração dele parecia apertado. Fiquei pensando: "Coitadinho do meu pai." Quando chegou ao Rio, assumiu logo o Flamengo, se apaixonou. Mas era uma decisão contra o Colorado, time pelo qual torcia antes... Sabia que, para ele, era uma final diferente... - disse Christine, vista recentemente nas telas da Globo no especial de fim de ano 'Diversão.com'.

A outra imagem inesquecível para Christine da partida foi quando a torcida jogou no gramado um urubu, ave-símbolo que no fim dos anos 60 virou mascote do Flamengo, desenhada pelo cartunista Henfil.

- Foi a maior vibração no Maracanã. Lembro que o urubu caiu perto do Taffarel, de quem eu sempre fui fã. Aí o Renato foi lá apanhá-lo. O meu pai já tinha contado a história de quando jogaram o urubu no campo pela primeira vez. O Flamengo não ganhava há muito tempo do Botafogo, e naquele dia venceu. Como na final do Brasileiro - afirmou, com autoridade de conhecer a história do clube.

O triunfo lembrado por Christine aconteceu em 1º de junho de 1969, em partida válida pelo Campeonato Carioca. O Flamengo não vencia o rival havia quatro anos, e saiu de campo com vitória por 2 a 1, gols de Arílson e Doval, com Paulo César Caju marcando pelo Alvinegro. Isso foi bem antes de a atriz nascer e viver ao lado do pai, no Maracanã, as belas tardes de domingo, como a de 13 de dezembro de 1987, apesar da chuva que caiu na cidade.

Naquela semana, inclusive, Christine, que já estudava nos EUA, voltou ao Brasil e fez questão de matar as saudades da família, do futebol e do clube do coração. O gol de Bebeto, aos 16 minutos do primeiro tempo, em passe preciso de Andrade, deixou o Flamengo, que empatara a primeira partida da final no Beira-Rio por 1 a 1, com domínio total da situação logo no início.

No segundo tempo, a equipe, treinada por Carlinhos e comandada em campo por Zico, que acabou substituído no fim e saiu ovacionado pela torcida, soube administrar o resultado e deu à atriz mais uma de tantas alegrias às vezes interrompidas pelas viagens desde quando se tornou modelo, antes de seguir a carreira atual.

- Em qualquer lugar que esteja, sempre procuro acompanhar. E aquele time era fantástico. Tinha Zico, Bebeto, Renato, Leandro, Andrade, Leonardo... O Zé Carlos no gol... O Edinho era do Flamengo! Adorava o Edinho... - lembrou Christine, que hoje não tem a companhia do pai para ver as partidas.

Christine Fernandes com a família na torcida do Flamengo
O marido de Christine Fernandes, o ator Floriano Peixoto, também rubro-negro de carteirinha, costuma acompanhar a atriz e o filho Pedro nas partidas do Flamengo (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)

Seu Antônio agora acompanha só pela TV. Christine, a filha mais velha de uma família rubro-negra, vai ao estádio com o marido, o ator Floriano Peixoto, e o filho, Pedro, de sete anos. Ambos rubro-negros. O garoto, inclusive, dá os primeiros passos na escolinha rubro-negra. Como todo menino louco por futebol, sonha ser craque e busca inspiração em Messi, camisa 10 argentino que joga no Barcelona. O número da camisa e a posição são os mesmos do ídolo da mãe, desde menina encantada pelo Flamengo. E por Zico.

- Comecei a ir ao Maracanã com cinco, seis anos. Eu e meu pai íamos sempre de cadeiras especiais, que meu tio, tricolor, nos emprestava. Lembro quando saí do elevador do Maracanã, cheguei ali nas cadeiras e dei de cara com a torcida. Aquelas bandeiras, aquele colorido todo... A torcida do Flamengo causa um grande impacto. E aquela geração do Zico, do Junior, Adílio, Nunes, Mozer, Leandro, era especial. Conquistou tudo. Hoje, quando vejo o Zico me seguindo no Twitter, nem acredito - afirmou Christine, que logo em seguida fez questão de mostrar em sua máquina fotográfica foto posada de tiete ao lado do Galinho.

Hoje, quando vejo o Zico me seguindo no twitter, eu
nem acredito"

Outra partida lembrada pela atriz, cuja última novela em que trabalhou foi "Viver a vida", de Manoel Carlos, foi a goleada de 6 a 0 sobre o Botafogo, em 1981, pouco antes da avalanche de conquistas naquele ano - o time ganhou Carioca, Libertadores e Mundial de Clubes em menos de um mês.

- Dos gols eu me recordo vagamente. A imagem que mais me marcou foi uma entrevista com o Tita, contando que estava no Maracanã quando o Flamengo levou de 6 do Botafogo (em 1972) e, ainda juvenil, sonhava um dia dar esse troco. E naquele dia conseguiu. Isso para quem já foi atleta, como eu, acaba marcando. Sempre temos essa ideia na cabeça, de um dia podermos dar o troco.

Agora longe das quadras de vôlei e perto das câmeras de TV, Christine procura de alguma forma continuar ligada ao esporte não só como torcedora. Ataca de blogueira no Urubu News, site de uma torcida organizada rubro-negra. Uma boa saída para se aproximar de uma de suas paixões.

Flamengo 1 x 0 Internacional
Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton e Zico (Flávio); Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Taffarel, Luís Carlos Winck, Aluísio, Nenê e Paulo Roberto (Beto); Norberto, Luís Fernando e Balalo; Heider (Manu), Amarildo e Brites.
Técnico: Carlinhos. Técnico: Ênio Andrade.
Gol: Bebeto, aos 16 minutos do primeiro tempo.
Cartões amarelos: Edinho (Flamengo) e Aluísio (Internacional).
Local: Maracanã. Data: 13/12/1987. Competição: Copa União (final). Árbitro: José de Assis Aragão. Renda: Cz$ 20.452.800. Público: 91.034.

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