terça-feira, 19 de abril de 2011

10 Livros Para o Nosso Camisa 10

Por Arthur Muhlenberg - Postado por Abraao Na Rede

Caros amigos leitores,
humilde e oportunistamente escrevo estas linhas aproveitando a atual impaciência do caro Arthur Muhlenberg para preencher mais do que 140 caracteres. Nada a condenar ao nobre escriba, tendo em conta que o enredo do Carioquinha é mais repetitivo do que conto da carochinha. Uma espécie de Três Porquinhos com final feliz pro Lobo Mau. Daí, enquanto esperamos os jogos decisivos, nossa ânsia de Flamengo nos leva a garimpar qualquer merreca entre as notícias bizarras sobre o clube – e suas entrelinhas surreais.

O rubro negro mais atento percebeu que a notícia mais relevante da semana, descontando a renovação do manuscrito de craque Adryan, aconteceu durante a presepadinha na ABL. Mas a notícia não é que os imortais, cuja academia foi fundada dois anos depois do Flamengo, queiram surfar no sucesso do Mais Querido do Brasil. Isso, como bem reciclou o Arthur, os times do Rio já fazem.

A grande notícia é que o o R10 teve a habilidade de adimitir numa sessão de homenagem ao Flamengo (pelo 110º aniversário do rubro-negríssimo escritor José Lins do Rego) que livro não é a praia dele. O pior: na mesma semana revelou que não vê futebol pela TV. Fiquei preocupado. Não em saber como o Ronaldinho ocupa do tempo livre dele. Ora, amigos, isso é pra quem curte um folhetim barato.

Me preocupa muito mais o mau exemplo que o Ronaldinho deu a milhões de jovens rubro-negros. Devemos talvez dar um desconto pois o nosso craque mais desconfortável que na lateral esquerda. Provavelmente consciente de que ainda não é hora de receber homenagens. Ficou sem palavras. Ali não valia dizer: Tamo junto, ABL! Agora eu sou imortal.

Me causou estranheza ver o Ronaldinho ali ganhando uma medalha sem ter dado dribles nem metido gols de falta. E não é porque a ABL já tinha dado medalha ao poliglota Joel Prancheta quando ainda dirigia aquele time descolorido dado ao melodrama. Nem porque entre seus membros figurem os políticos José Sarney, Marco Maciel, o cirurgião Ivo Pitanguy e até o escritor (vejam só!) Paulo Coelho. Ou porque a mesma ordem nunca adimitiu a sentar em suas nobres cadeiras a Lima Barreto, Monteiro Lobato, Carlos Drummond, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Vinícius de Moraes, Erico Verissimo e Mário Quintana.

Convenhamos, uma academia assim entenderá mais de comes e bebes do que de méritos. Contudo, sinceramente me interessa menos saber como funcionam as eleições nesse clube, do que na Gávea onde tem gente pensando em diminuir a já ridiculamente minúscula massa votante. Uma canetada maquiavélica e anti-democrática como essa deixaria Khadafi, Mubarak e Berlusconi ruborizados. DIRETAS SEMPRE!!!! Cadê os revoltados quando o Mengão realmente precisa??

Voltemos à medalhinha. Minha estranheza é porque os jurássicos acadêmicos nomearam doutor um recém-nascido Ronaldinho, quando todos sabemos que a pessoa que mais indicada para tal homenagem era outra. Sim, um cara cuja foto aparece na última letra do alfabeto dos verbetes futebolísticos por ter criado as mais belas páginas na história do clube.

Sim estou falando do Zico. É indignante lembrar que ultimamente nosso verdadeiro imortal, não quer ver as paredes do José Bastos Padilha nem pintadas de vermelho e preto por estar injustamente metido nas páginas difamatórias do Conselho Fiscal por um disse-me-disse de quem não é capaz de pôr o preto no branco. Às vezes a oposição do Flamengo é igual a radiação – invisível, faz cair os cabelos, provoca vômitos, queima a pele e ataca órgãos vitais.

Como sabemos, não foi o próprio R10 que decidiu ser homenageado, e prefiro exaltar o belo gesto com as vítimas do massacre de Realengo. Mas que bonito seria se ele desse um livro rubro-negro de presente para animar os meninos a voltarem à leitura. Afinal livros alimentam muito mais do que ovo de coelho. De qualquer forma desejo sorte ao R10, e que ele não se contente com a medalhinha da ABL. Que ele seja capaz, ao final dos últimos 180 caracteres da Taça Rio, de dar uma alegria a mais ao Zélins e aos jovens Luan e Tayane. O suspense está em como é que o Ronaldinho vai terminar de escrever com os pés os primeiros capítulos de sua história flamenga.

Enquanto não chega esse dia espero que pelo menos ele tenha servido de garoto propaganda do livro “Flamengo é puro amor” do Zélins, presenteado a ele na visita à ABL. Espero que o nosso craque tome gosto pelos livros e que, vendo a grandeza desse clube, queira ele escrever seu próprio capítulo da altura da nossa história. Não faltam títulos bibliográficos para aumentar sua literatura flamenga e inspirar suas futuras conquistas. Aqui vão dez sugestões.

1. HENFIL E O URUBU - Henfil. Ed. 34. 1996. 127 páginas.
Caro Ronaldinho, parece mais fácil encarar os zagueiros do Flor do que o livro do Zélins? Ok, então encare as tiras do Henfil. O traço caligráfico do cartunista vai te transportar à época de ouro do clube, te colocar no lugar do torcedor mais fanático, zoar dos nossos rivais, e de quebra te explicar porque os rubro-negros têm tanto orgulho do seu mascote Urubu. Já estou até vendo o teu sorriso.

2. O VERMELHO E O NEGRO. Ruy Castro. Ed. DB, Ediouro. 2001. 208 páginas.
É, chegado o momento de ler mais letras que figuras, amigo. E com este livro não vai custar nada, afinal a sua prosa é tão ligeira quanto os passes do Violino. Aqui você vai entrar em contato com a história do clube desde sua fundação, há mais de um século, por quatro rapazes boêmios num café do Largo do Machado. Vai conhecer os primeiros anos do remo, o começo do futebol, nossos Validos, Geraldos e Rondinellis, os tricampeonatos cariocas, a conquista do mundial de 1981 até chegar ao século XXI.

3. PENTATRI - A historia dos 5 tricampeonatos cariocas do Flamengo. Paschoal Ambrosio. Filho. Ed. Maquinaria. 2009. 168 páginas.
Percebeu que o último livro termina no tetratri do Pet? Deu até vontade de meter golaços de falta né? Pois aqui vai um manual prático de como ganhar um tricampeonato carioca e se tornar hegemônico localmente. Cinco receitas diferentes, falta a tua. Pois é, na Gávea se coleciona os Carioquinhas assim, de três em três. Leitura obrigatória até o final da Taça Rio.

4. FLA X FLU… E AS MULTIDÕES DESPERTARAM! Nelson Rodrigues e Mário Filho. Ed. Europa. 1987. 191 páginas.
Já está pensando nas semi-finais da TR? Quer saber como se tornar herói num Fla-Flu sem perguntar ao primo do Messi? Dá uma lida nesse item de colecionador, das plumas dos irmãos que fundaram a mística do clássico mais fratricida e charmoso do mundo. Gre-Nal? Barça-Madrid? Milan-Inter? Fala sério, R10! Lê logo essa parada…

5. UMA VIAGEM A 1912 - Surge o futebol do C.R.Flamengo. Marcelo Abinader. Ed. Águia Dourada. 2009. 190 páginas.
Ah, o último livro te deixou com vontade de saber mais sobre Borgerth e aqueles rapazes que saíram das Laranjeiras e fundaram o futebol do Mengão? Curioso pelo rubro-negrismo mais pioneiro e revolucionário? Cai dentro dessas páginas e descobre como o clube se tornou Campeão de Terra e Mar.

6. ACIMA DE TUDO RUBRO NEGRO – Álbum de Jayme de Carvalho. Claudio Cruz e Wilson Aquino, Ed. Sindicado Nacional dos Editores de Livros. 2007. 72 páginas.
Calma, R10! Falta menos… Para te animar vai uma leitura empolgante, que mistura música e futebol. Aqui você vai descobrir como nasce a Charanga Rubro Negra, ícone dessa torcida vanguardista, bem-humorada e acima de tudo apaixonada pelo Flamengo. Que torcida é essa?!? Se você se entrar no ritmo dessa batucada tem tudo pra triunfar no Mengão.

7. OS 10 MAIS DO FLAMENGO (Coleção Ídolos Imortais). Roberto Sander. Ed. Maquinaria. 2007. 184 páginas.
É, peixe… aqui o bagulho é esquisito mesmo. Sabe por que? Porque pra fazer essa listinha de dez teve ídolo disputando por décadas com ídolo, todos campeões pelo clube. Quer saber como ficar pra sempre marcado na memória dos rubro-negros? Você vai ver que não basta ganhar um Carioquinha invicto, isso até o Romário já fez.

8. GRANDES JOGOS DO FLAMENGO - Da Fundação ao Hexa. Roberto Assaf e Roger Garcia. Ed. Panini Books. 2010. 127 páginas. Tá certo, o último livro te deixou bolado. Mas não é pra desanimar, as glórias têm que acontecer naturalmente e é trabalho de todo dia. É fazer o dever de casa jogo a jogo. Vamos por partes, uma coisa de cada vez…

9. HISTORIAS DO FLAMENGO – Mario Filho. Ed. Pongetti, Ed. Gernasa.
Agora que você está quase especialista no assunto já chegou a hora de cavucar os sebos e morrer uma parte do salário nessa raridade fora de catálogo. Pelo simples prazer de conhecer as proezas e os causos do Flamengo AZ (antes do Zico) nas palavras do pai da crônica esportiva brasileira.

10. HEXAGERADO – O título mais esperando dos últimos 17 anos – Arthur Muhlenberg. Ed. 7 Letras. 2009. 100 páginas.
Para terminar o assunto e fazer um bom jabá vamos fechar com o livro do patrão. Se deixaram você chegar até aqui, f… A essa altura você já é um rubro-negro apaixonado e está preparado para saborear a história do Hexa a partir das crônicas do Arthur. É a leitura perfeita para começar o Campeonato Brasileiro com palhaçadinha zero.

É isso aí, Ronaldinho. Agora é com você. Vai treinando os pés para escrever, pois sabemos que com esses mesmos pés você já fez o impossível. Boa leitura e boa sorte!

E a vocês, caros leitores, espero que tenham aqui uma enorme fonte anti-descabelamento e um porto seguro ao que recorrer nos momentos difíceis ao aparecerem os primeiros sintomas – uso compulsivo do ctrl + c e ctrl+v, caixa alta em todo o texto, fora fulano, etc. Agora desliga esse computador e vai ler um bom livro.

Gustavo Berocan

Mengão Sempre

Nenhum comentário: