Localizada ao lado de monumento às batalhas da II Guerra Mundial, moderna arena inaugurada em 2009 vira atração da cidade de Donetsk
No lugar onde passado, presente e futuro de Donetsk se encontram uma mensagem no chão atrai os visitantes. Está escrita em ucraniano, russo e inglês, com o desenho de dois martelos cruzados acima do número 1936 separando o texto entre um idioma e outro. "Nossa história é parte de nós, assim como nosso futuro. Nós somos leais às nossas memórias e às nossas ambições." Ao lado direito, avista-se o Monumento dos Libertadores de Donetsk e os tanques da II Guerra Mundial. Quase ninguém segue para lá. A maioria ergue a cabeça, passa pela fonte em forma de bola de futebol e segue em frente, em direção à moderna Donbass Arena.
GALERIA DE FOTOS: confira imagens do estádio do Shakhtar Donetsk
Moderna Donbass Arena (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)
Mesmo fechado, é para o estádio do Shakhtar Donetsk e seu entorno que muitos moradores vão nos dias de folga. Não fosse o vento forte e a chuva misturada com pequenos grãos de gelo, e o parque diante da arena estaria ocupado por mais gente. Apenas um casal de adolescentes e um grupo de amigos insiste em ficar ali, enquanto até mesmo os patos do pequeno lago buscam refúgio. Na arena, os visitantes se dividem entre um bar, um museu e uma loja. Ali, tudo lembra o clube que pôs Donetsk no mapa.
Tanques em frenta ao moderno estádio
Os rostos dos 15 principais jogadores do elenco decoram a Donbass Arena. Entre eles, sete brasileiros. Há mais tempo no clube, Fernandinho e Jádson são as figuras mais presentes. Convocado pelo treinador Mano Menezes para os dois últimos amistosos da seleção brasileira, Jádson está por quase toda parte. É a foto dele que decora a entrada do bar do clube, onde alguns torcedores se reúnem para secar o rival Dínamo de Kiev enquanto um grupo de crianças participa de uma festa de aniversário.
Dentro da Fan Shop, a loja do estádio, um espaço lembra o maior título do Shakhtar, a Copa da Uefa de 2009. Uma parede descreve a campanha da equipe, outra tem a foto do time campeão com a taça, ao lado do treinador Mircea Lucescu e do bilionário Rinat Akhmetov, dono do clube. No meio, uma redoma de vidro guarda as camisas de Fernandinho e Jádson, autografada pelo brasileiro com a mensagem "para o museu, um abraço do Jádson". Foi dele o gol na prorrogação que valeu a vitória por 2 a 1 sobre o Werder Bremen e garantiu a taça. O DVD da partida disputada em Istambul pode ser comprado por 40 grivnas, menos de R$ 8.
- Este é mesmo o jogo mais lembrado por todos. Foi o grande momento da história do clube, quando o Shakhtar apareceu para o futebol europeu. Fico feliz pela homenagem - afirma Jádson.
Maior museu esportivo da Ucrânia
A arena conta ainda com o maior museu de esportes da Ucrânia. A entrada, que inclui um tour pelo estádio, custa R$ 9,80 (50 grivnas). Do lado de dentro, as paredes são decoradas com imagens do time, das conquistas e várias fotos de Rinat Akhmetov. O número 1936, ano em que o clube foi fundado, também é lembrado com frequência, até na senha para se acessar a internet no local. A Donbass foi inaugurada em agosto de 2009 com um show da cantora americana Beyoncé. Até então, o Shakhtar mandava seus jogos no Estádio Olímpico de Donetsk, localizado em frente à nova arena, do lado oposto do Monumento dos Libertadores. Desde a abertura da arena, o antigo estádio passou a pouco ser usada para partidas de futebol. O outro clube da cidade, o Metalurh Donetsk, manda os jogos em seu próprio campo, com capacidade para pouco mais de 5 mil torcedores.
Monumento em frente do Shakhtar (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)
O custo total da Donbass Arena ficou em 400 milhões de dólares (R$ 627 milhões) e incluindo 30 milhões de dólares (R$ 47 milhões) para o entorno do estádio, com o parque, o lago e também uma nova alameda e paisagismo do Monumento dos Libertadores. O memorial que homenageia os mortos na retomada de Donetsk aos nazistas que ocuparam a cidade por quatro anos durante a II Guerra Mundial foi inaugurado em 1984 e deveria contar no subsolo com um museu, que nunca foi aberto.
Camisas expostas no museu
O monumento chama a atenção à distância pela enorme estátua de um minerador ao lado de um soldado segurando uma espada virada para baixo. Os antigos tanques e canhões do Exército Vermelho apontando para a Donbass Arena foram posicionados no local também durante a recente reforma. Atrás dos tanques vê-se o Rio Kalmius, que corta a cidade, e, do outro lado da margem, as minas de carvão responsáveis pela criação de Donetsk em 1869.
- Antes, ali em volta, não havia tanques, calçamento bem feito, nada. Apenas o monumento. Agora está bem mais organizado, ficou bem mais bonito - diz o meia Fernandinho.
A reabertura do memorial aconteceu em 9 de maio do ano passado, data em que se comemora na Ucrânia a rendição do exército nazista em 1945. Ali, num domingo chuvoso e gelado, poucos apareceram para lembrar a memória de Donetsk. A maioria preferiu a ambição da arena onde Shakhtar e Barcelona se enfrentam nesta terça-feira.
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