Assim que os jogadores do Fluminense entraram em campo, nesta quarta-feira, ouviram a torcida gritar: “Hoje é guerra”. A batalha, no entanto, foi bem mais complicada do que gostariam os tricolores. Com a escalação muito mudada, adaptando-se aos desfalques e ao esquema 3-6-1, o Tricolor de Muricy Ramalho não conseguiu superar o Nacional-URU e empatou a sua segunda partida consecutiva em casa pela Taça Libertadores. O 0 a 0 no placar obriga que o clube busque pontos longe do Rio de Janeiro - dos quatro jogos restantes, três são fora de casa - para seguir vivo na luta pela classificação às oitavas de final do torneio.
O novo tropeço em casa fez com que os tricolores vaiassem muito o time após o jogo. Carlinhos foi o alvo preferido dos torcedores durante toda a partida. Até o técnico Muricy Ramalho ouviu alguns gritos de "burro" após o resultado. Com os dois empates em dois jogos, o clube está em segundo no Grupo 3, com dois pontos. O América-MEX lidera a chave com três, e o Argentinos Juniors está em terceiro, com um. As duas equipes, porém, têm um jogo a menos - elas se enfrentam nesta quinta-feira, na Argentina. O Nacional-URU fecha a chave com um ponto conquistado.
A primeira batalha nas “trincheiras adversárias” já tem data e hora para acontecer. Na próxima rodada, o Fluminense vai até ao México encarar o América. O jogo será na quarta-feira, dia 2 de março, às 21h50m (de Brasília). No mesmo dia, mas às 20h30m (de Brasília), o Nacional recebe o Argentinos Juniors.
Pouca criação e nenhum chute a gol
O Fluminense entrou em campo com uma equipe bastante modificada em relação aos últimos jogos. O tradicional 4-4-2 foi substituído por um 3-6-1, com Gum, Leandro Euzébio e Digão na zaga. No meio, Valencia ganhou o lugar de Edinho. Sem Rodriguinho, Fred e Emerson, Muricy tinha apenas Rafael Moura no ataque, mas, ao menos na teoria, Conca tinha a missão de se aproximar mais do único homem de frente.
Com tantas mudanças, o time sentiu a falta de entrosamento. Tanto que, logo no primeiro minuto de jogo, a defesa se atrapalhou no posicionamento, e o Nacional conseguiu criar a jogada mais perigosa da etapa. Não fosse a pouco intimidade com a bola demonstrada pelo atacante Fornaroli, que ao receber sozinho na pequena área se atrapalhou para dominar e não chutou, o time uruguaio teria aberto o placar facilmente.
Sem criatividade no meio, o Flu buscou as alas, principalmente os avanços de Mariano, para tentar chegar ao gol. E foi pela direita que surgiram as melhores oportunidades do Tricolor. Rafael Moura cabeceou com perigo após cruzamento do lateral. Marquinho aproveitou sobra de bola e, com bonito domínio, evitou dois adversários antes de chutar ao lado. Até o zagueiro Digão teve uma chance pela direita, quando mandou uma bomba de longe, mas sem direção.
As raras chances da equipe tricolor começaram a irritar a torcida. Com menos de meia hora de jogo, os gritos de apoio se transformaram em reclamações contidas. A cada contra-ataque do Nacional, a insatisfação aumentava. Para sorte do time carioca, a equipe uruguaia não conseguia se aproveitar dos erros de marcação e pouco ameaçou. Nos primeiros 45 minutos de jogo, nenhuma das equipes conseguiu chutar com perigo a gol.
Ao fim da etapa inicial, os jogadores se reuniram no gramado para conversar. Enquanto isso, a torcida se dividia entre aplausos para incentivar a equipe e vaias de insatisfação pelas poucas chances criadas.
Polêmicas agitam segunda etapa
As duas equipes voltaram para o segundo tempo com a mesma formação. O Fluminense, porém, parecia um pouco mais ligado e dominou as ações. O Nacional tocava a bola e irritava a torcida tricolor ao demorar para bater tiros de meta, laterais e faltas. Mas quem mais provocou a ira dos torcedores foi o árbitro Carlos Amarilla. O juiz não entendeu lance de pênalti em jogada polêmica na área do time uruguaio. Mariano cruzou da direita, Rafael Moura chutou cruzado, e a bola bateu no braço de Píriz. Muitos protestos quando o árbitro mandou a jogada seguir.
Apesar da insatisfação com Amarilla, o lance fez com que a torcida voltasse a apoiar o time. Ou quase todo ele. A cada toque de Carlinhos na bola, as vaias ecoavam no Engenhão. Os torcedores pediam a entrada de Tartá, o que acabou acontecendo, mas no lugar de Valencia, não no do lateral. Carlinhos teve a chance de calar as vaias da torcida, após uma falha do goleiro Burián. O arqueiro saiu mal do gol em um cruzamento vindo da direita, mas o lateral tricolor não esperava que isso acontecesse e, na pequena área, viu a bola passar muito perto dele com o gol vazio a sua frente.
Mesmo desorganizado, o Fluminense conseguiu chegar ao gol. Carlinhos cruzou da esquerda, Mariano desviou, e Rafael Moura mandou para o fundo das redes. A arbitragem, entretanto, marcou acertadamente impedimento do atacante. O Nacional parecia se contentar com o empate, e o técnico Juan Carrasco fazia apenas alterações simples, trocando um volante por outro ou um atacante por outro. Fornaroli, que perdeu um gol fácil no primeiro tempo, deu lugar a Santiago Garcia. Seu substituto conseguiu mostrar a mesma falta de pontaria do titular.
Muricy tentou mudar o rumo do jogo colocando Araújo e Souza em campo, nos lugares de Digão e Marquinho, respectivamente. As modificações, contudo, não produziram o efeito esperado. O time rondou por várias vezes a área adversária, mas sem conseguir dar um chute certeiro. O resultado foi um amargo empate para o Tricolor, que deixou o gramado do Engenhão sob as vaias da torcida. O time agora tem três desafios fora de casa, com a missão de conquistar vitórias para não correr o risco de chegar à última rodada no desespero.
Ricardo Berna, Gum, Leandro Euzébio e Digão (Araújo); Mariano, Diguinho, Valencia (Tartá), Marquinho (Souza) e Carlinhos; Conca e Rafael Moura | Burián, Gabriel Marques, Alejandro Lembo, Coates e Nuñez; Cabrera (Calzada), Píriz, Mauricio Pereyra e Nicolás Vigneri; Fornaroli (Santiago) e Tabaré Viudez |
Técnico: Muricy Ramalho | Técnico: Juan Ramón Carrasco |
Cartões amarelos: Fornalori, Cabrera e Piriz (Nacional-URU), Conca, Leandro Euzébio e Rafael Moura (Fluminense) | |
, Conca (Estádio: Engenhão. Data: 23/2/2011. Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai). Auxiliares: Nicólas Yegros (Paraguai) e Milcíades Saldívar (Paraguai) |
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