quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O fenômeno Bolatti: com dois dele, Inter faz 4 a 0 no Jaguares

Depois de fazer gol na estreia, argentino marca mais duas vezes e alivia pressão sobre Roth, muito vaiado. Damião e Oscar completam

Por Alexandre Alliatti - Postado por Abraao Na Rede

Bolatti Internacional (Foto: Vipcom)
Bolatti comemora: ele foi o grande destaque da

vitória do Inter no Beira-Rio (Foto: Vipcom)

É irônico que um volante, justamente um volante, salve a pele de Celso Roth. É uma pequena piada do futebol fazer com que um jogador de marcação, daqueles que o treinador é acusado de idolatrar, vá a campo, faça dois gols, dê paz ao Inter. Mario Bolatti é volante. Volante bom, mas volante. Volante goleador, mas volante. Foi ele, ao marcar duas vezes no primeiro tempo, o grande destaque da vitória de 4 a 0 do Colorado sobre o Jaguares, do México, na noite desta quarta-feira, no Beira-Rio.

Leandro Damião e Oscar, na etapa final, marcaram os outros gols de uma vitória recheada por vaias a Roth, marcada por atuação inconstante, fabricada para colocar o Inter na liderança do Grupo 6 da Libertadores, com quatro pontos, à frente do Emelec no saldo de gols. O resultado, porém, não eliminou a desconfiança dos torcedores com Roth. Ele foi chamado de burro até depois de o Inter abrir 3 a 0.

Encerrada a partida, o Inter terá duas semanas dedicadas exclusivamente aos treinos. O Colorado volta a campo apenas em 9 de março, contra o Ypiranga, pelo Gauchão. O próximo desafio pela Libertadores é no dia 16, na Bolívia, diante do Jorge Wilstermann.

Nada explica Mario Bolatti

Nem que Mario Bolatti fosse analisado em laboratório. Nem que fosse submetido a exames profundos pelos cientistas mais aloprados. Nem que uma junta religiosa consultasse seus pergaminhos mais amarelados. Nada, nada, absolutamente nada explicaria o que aconteceu com esse argentino de 1,90m no gramado do Beira-Rio nesta quarta-feira. Bolatti já tinha feito um gol no Equador. Fez mais dois. Um volante, recém-contratado, que mal sabe se orientar pelos corredores do Gigante, fez os três primeiros gols do Inter na Libertadores. Um volante! Nem a união de todas as teses com todas as crenças pode explicar Mario Bolatti.

- Foi um pouco de sorte – disse o jogador ao deixar o gramado no intervalo.

Sorte? Nem Bolatti consegue explicar. E Celso Roth não quer explicações. Quer alívio. O pescoço do treinador colorado foi retirado da guilhotina pelo volante argentino. Porque o Inter, na verdade, não jogou bem no primeiro tempo. E daí? E daí, se jogar bem e empatar lá no Equador pouco valeu em meio a uma chuvarada de críticas?

O início da partida foi de meter medo. O Jaguares mostrou velocidade, e o Inter contrapôs com fragilidade defensiva. Sorondo cortou um cruzamento depois do outro. Aos poucos, porém, os colorados conseguiram equilibrar. E criaram chances. Kleber mandou chute por cima. Leandro Damião errou a mira após receber de Guiñazu. Zé Roberto tentou de longe, nas mãos do goleiro.

E aí pintou Bolatti. Eram 19 minutos. A pressão no Beira-Rio crescia à velocidade da luz quando Zé Roberto mandou o cruzamento. A torcida queria o pescoço de Roth quando sobrou aquela bola. A tensão era quase física, quase palpável, quando Mario Bolatti emendou aquele rebote. E a bola entrou. Como acontecera no Equador, entrou. Gol de Bolatti! Gol do Inter!

Nasce um novo ídolo na beira do Guaíba. O encanto da torcida com o volante não minguou entre os 19 e os 43 minutos do primeiro tempo. E aí explodiu de vez. Zé Roberto cruzou, Sorondo desviou, Bolatti marcou. Como é que se vai explicar o que acontece com o tal do Mario Bolatti?

Mais fácil explicar o primeiro tempo. O Inter, sem D’Alessandro, lesionado, perdeu sua maior característica, a posse de bola. E não melhorou muito no seu maior defeito, a falta de agressividade. Com o nervosismo acrescido a isso, o jogo ficou complicado. O Jaguares não teve chances gritantes de gol, mas incomodou com cruzamentos, com chutes de longe e com passeios pelos arredores da zaga vermelha.

Lauro teve que trabalhar. Defendeu cabeceio de Frías, chute de Rodríguez e pancada de Manso. E viu outro chute de Frías passar perto de sua trave esquerda. Mas perto não é gol. Mario Bolatti que o diga.

Damião e Oscar fecham o placar: 4 a 0

O Inter voltou muito mal no segundo tempo. Não teve triangulação, não teve saída ao ataque, não teve controle defensivo. O Jaguares ocupou espaços, decidiu mandar na partida. Mas padeceu da falta de objetividade, o maior dos males do futebol mexicano. Resultado: gol do Inter.

A torcida chamava Roth de burro, reclamava da morosidade do time, deixava o jogo novamente tenso. Para remediar o problema, pintou uma falta na frente da área. Zé Roberto cobrou, o goleiro Villalpando soltou, Cavenaghi fez a bola beijar a trave. E aí Leandro Damião apareceu, centroavante que é, para concluir. Ufa: 3 a 0 pro Inter.

O panorama não mudou muito depois do gol de Damião. O Jaguares continuou ciscando, o Inter seguiu com pouco brilho, a torcida manteve as vaias e os gritos de "burro" para Celso Roth. O treinador mandou Oscar, Alecsandro e Andrezinho a campo nos lugares de Leandro Damião, Cavenaghi e Zé Roberto. E um deles brilhou. Oscar, grande aposta do clube, mandou uma patada de longe e completou o placar: 4 a 0.

Valeu. Valeu pela vitória, pelo alívio, pela liderança. Valeu por Mario Bolatti.

Aliás, procura-se alguém que explique Mario Bolatti.

INTERNACIONAL 4 X 0 JAGUARES
Lauro, Nei, Índio, Sorondo e Kleber; Wilson Matias, Bolatti, Guiñazu e Zé Roberto (Andrezinho); Cavenaghi (Alecsandro) e Leandro Damião (Oscar). Villalpando, Martínez, Fuentes (Flores) e Sánchez; Cabrera, Hernández, Torres (Salazar), Rodríguez, Manso (Zamora) e Rojas; Frías.
T: Celso Roth T: José Guadalupe Cruz
Local: Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). Data: 23/02/2011. Árbitro: Roberto Silveira (Uruguai). Auxiliares: William Casavieja (Uruguai) e Marcelo Costa (Uruguai).
Gols: Bolatti, aos 19 e 43 minutos do primeiro tempo; Leandro Damião, aos 20, e Oscar, aos 46 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Zé Roberto, Bolatti, Kleber, Sorondo (Inter); Martínez, Rodríguez, Cabrera (Jaguares).
Público: 26.337. Renda: R$ 643.780,00.

Nenhum comentário: