sábado, 12 de fevereiro de 2011

Revelação que teve perna amputada recomeça com apoio de Ronaldinho

Conheça a luta de Cleylton, 19 anos: vice-artilheiro do Campeonato Maranhense em 2010 agora tenta carreira como deficiente

Por Joanna de Assis São Paulo - Postado por Abraao Na Rede

Perder uma das pernas é difícil para qualquer pessoa. Imagine para um jogador de futebol. Cleylton Costa, 19 anos, vice-artilheiro do campeonato maranhense e revelação de 2010 no Estado, estava com apresentação marcada no Cruzeiro no início de janeiro. No dia 18 de dezembro do ano passado, sofreu um grave acidente de moto e precisou amputar a perna direita para sobreviver.

Depois do pesadelo, Cleylton junta forças para recomeçar. Ouve conselhos da mãe. Recebe o carinho do amigo que dirigia a moto no momento do acidente. É cercado de palavras de superação. E decide não se afastar do futebol.

Cleylton ainda frequenta treinos do Iape, seu antigo clube no Maranhão. Ver os companheiros jogando não entristece. Pelo contrário, o contato com velhos amigos ajuda na recuperação. Também não se desliga totalmente do mundo da bola pela TV. Por um motivo especial: faz questão de acompanhar o começo da trajetória do ídolo Ronaldinho Gaúcho com a camisa rubro-negra. O atacante só não sabia que encontraria no astro do Flamengo mais um ponto decisivo na luta para esquecer o trauma. O astro recebeu Cleylton em um treino no Ninho do Urubu com um abraço e uma pergunta simples, mas decisiva.

- E aí, está pronto?

A resposta mostra que o sonho não acabou.

- Vou vencer mais uma.

- Sem dúvida, vai vencer sim. Se estiver motivado para continuar correndo atrás do sonho, o resto é mole – conclui Ronaldinho.

O técnico Vanderlei Luxemburgo também deu esperança ao jogador.

- A vida de atleta nao á só essa que a gente tem aqui. Tem outras atividades. infelizmente aconteceu, você é jovem. Quando você jogar, vai ver como vai ser gostoso.

Outro grande passo para o recomeço veio logo em seguida. Do Ninho do Urubu, Cleylton seguiu para sua primeira visita à ANDEF, Associação Niteroiense dos Deficientes Fisicos. Lá, ele descobriu que o futebol existe para atletas especiais, como Choquito, zagueiro da seleção brasileira de futebol para amputados.

- Quando eu perdi a perna eu não queria nem saber de futebol – lembra Choquito. - Vai ter momentos em que você vai ficar triste, mas todo mundo fica. Em aguns momentos coisas não darão certo, mas para todo mundo é assim.

O sorriso de Ronaldinho, a perseverança de Choquito, tudo é decisivo para manter a cabeça de Claylton no lugar.

- É mais um incentivo para eu vencer essa guerra particular comigo e algumas pessoas que não acreditam em mim. Todo mundo pensa que acaba a vida depois disso. É só o recomeço, Deus me deu mais uma oportunidade de vida. A gente não deve ter medo do que vira pela frente. Confio em Deus, e espero que ele me ajude nessa.

Quando souberam do acidente, os pais de Cleylton não imaginavam a violencia do choque. No impacto, Cleylton teve o pé direito arrancado, e precisou esperar mais de uma hora para receber socorro. Para aliviar o sofrimento, Dona Rosa, mãe de Cleyton, repete com frequencia um discurso de superação.


- Eu digo sempre pra ele: sei que você perdeu uma perna, mas Deus te deixou a vida, não te deixou paraplégico, nao deu outra lesão. E foi a perna direita, a perna de apoio, nao foi a perna que você joga. Eu digo então que tem algo melhor para te acontecer.

A perna do chute forte de atacante ficou, a esquerda. A direta já havia desaparecido em fotografias dois meses antes do acidente.

Gustavo, goleiro do Iape e melhor amigo de Cleylton, levou a máquina fotográfica a um treino e tirou duas fotos do companheiro. Nas duas imagens, Cleylton aparece sem a perna esquerda.

- Foi um choque grande, principalmente essa em que estamos nós dois. Sei lá o que aconteceu, inexplicável - diz Gustavo.


A cirurgia de amputação ainda nem cicatrizou. Na semana passada, com dificuldade, ele compareceu a premiação dos melhores do campeonato maranhense, e emocionou a todos quando recebeu o troféu de melhor atacante da competição.

- Nunca baixei a cabeça, nunca pensei em dificuldades. Porque dificuldade maior seria se eu tivesse morrido. Só uma perna nao pode tirar a alegria de uma pessoa.

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