sexta-feira, 15 de julho de 2011

Junior Cesar: ‘Jogar no Fla era algo que eu queria para a minha vida’

Lateral diz que está maravilhado com o clube, prevê bons momentos e garante que a fome pelo futebol não passa: ‘Vou jogar até os 39 anos’

Por Globo Esporte.com - Postado por Abraao Na Rede

A vontade que Junior Cesar tem de jogar futebol é a mesma do tempo em que vivia em Magé, na Região Metropolitana do Rio. Época em que passava horas e horas num campinho na frente da casa da vó Noêmia e matava a fome com bola.

Junior Cesar

- Minha mãe brigava comigo porque eu não voltava para casa para almoçar, era bola todo dia, morava com
a minha avó (já falecida), flamenguista doente. Tinha um campinho na frente da casa dela e ficávamos na pelada o tempo todo. Às vezes, dava três, quatro horas, e a gente não tinha almoçado ainda. No Brasil é assim. Em qualquer lugar que você passa tem uma peladinha rolando. A bola cativa, me cativou e cativa até hoje.

Foi Dona Noêmia quem escolheu o nome do neto, numa homenagem ao ídolo Junior. Apesar de ser cria de uma família de rubro-negros, Junior Cesar saiu daquele campinho e foi parar em Xerém, na base do Fluminense. Antes, fizera alguns treinos
no Vasco, mas por um curto período.

- Fiquei treinando cerca de dois meses no Vasco em 98, vi que as coisas não estavam andando e fui fazer o teste no Fluminense. Não pensei em fazer teste no Flamengo. Era distante. Morava em Magé, Xerém ficava a 30, 40 minutos, era mais fácil. Não tinha condições de vir para o Rio, optei por lá, meus parentes me levavam, foi uma opção mais tranquila.

No Tricolor, chegou meia e virou lateral-esquerdo. Culpa do excesso de concorrentes.

- Quando cheguei para fazer teste no Fluminense, jogava de meia. Havia
muitos jogadores naquele setor. Um amigo que considero muito, o Ênio Farias (coordenador da base na época), estava lá e me deu a ideia. Para não perder a oportunidade, encaixei na posição e gostei. Foi um desafio naquele momento. Pela minha característica de força e velocidade, deu certo no momento. Me sinto à vontade nesta posição.

Foi nas Laranjeiras que ele virou profissional. Por lá, ficou até o fim de 2004. Depois de uma temporada no Santos Laguna, do México, transferiu-se em 2006 para o Botafogo. Em 2007 e 2008, voltou a defender o Flu. Nas duas últimas temporadas,
jogou no São Paulo. Foi lá que viveu o pior momento da carreira. A cicatriz no pé esquerdo não o permite esquecer. Junior rompeu o tendão de Aquiles em setembro do ano passado. Foram cinco meses de recuperação até o retorno, em março deste ano.

- Foi difícil. Nunca havia me machucado, nunca tinha sequer passado uma semana, cinco dias, no departamento médico. Mas tinha de acontecer, faz parte.

Sonho da vó Noêmia vira realidade

Apesar de recuperado, as chances no clube paulista diminuíram. Jogou pouco e decidiu sair. Em maio, acertou com o Flamengo e chegou
ao clube para ser titular absoluto da posição mais carente do time de Vanderlei Luxemburgo. Em menos de dois meses no Rubro-Negro, está maravilhado.

- Dá para notar a diferença da realidade do Flamengo. Sentia isso quando era adversário. Os adversários respeitam mais. Já vejo o carinho da torcida por mim, fico feliz por estar suprindo uma necessidade do clube, da comissão técnica. Jogar no Flamengo era algo que eu queria para a minha vida. Quando o São Paulo contratou o Juan (ex-Fla), que é meu amigo, sabíamos que só jogaria um. Aproveitei aquele momento, queria voltar para o
Rio, para perto da minha família. O Flamengo me seduziu pelo projeto do Vanderlei, alguns companheiros me ligaram, como o Léo (Moura), que é meu amigo, o Thiago (Neves). Tive equilíbrio na época da lesão, consegui passar por uma situação difícil. Tenho certeza de que alguma coisa boa vai acontecer em 2011. Quando algo de ruim acontece, da forma como aconteceu, acredito que alguma coisa muito boa vai acontecer (risos).

Além da conquista do Carioca (de forma invicta), o projeto ambicioso do Flamengo inclui o título do Campeonato Brasileiro ou, no mínimo, de uma vaga na Libertadores do ano
que vem. A Copa Sul-Americana também estará em jogo neste segundo semestre.

- O Vanderlei montou um grupo de qualidade, trouxe jogadores experientes, que sabem bem o que é o Basileiro, a Sul-Americana. Vejo o Flamengo no caminho certo. Os jogadores têm de ter a humildade de trabalhar, não se acomodar. Isso o nosso grupo vai fazer. As equipes são muito equilibradas, temos de ter pegada. Em função das quatro vitórias seguidas (sobre Atlético-MG, América-MG, São Paulo e Fluminense), já se fala no Flamengo como candidato ao tíulo. Mas não pode se acomodar, tem que ter equilíbrio neste momento.

Junior disputou sete partidas pelo clube e ainda não perdeu. Foram três empates e quatro vitórias. O bom desempenho provoca tanta empolgação que ele não pretende parar tão cedo e mostra que o apetite pelo futebol continua tão voraz quanto o do moleque de Magé.

- Vou jogar até os 39 anos (risos).

O contrato com o Fla só termina em dezembro de 2013. Aos 29 anos, há tempo de sobra para buscar muitos sonhos.

- Sonhos existem, mas tem de fazer acontecer. A Seleção Brasileira sempre fez e vai fazer parte dos meus. Alguns jogadores
estão na frente, mas para mim não morreu a chance de vestir aquela camisa um dia. Tudo depende do que você apresenta no clube. Com a camisa do Flamengo, tenho uma chance maior, todos sabem o que representa o Flamengo, a camisa do Flamengo.

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